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O movimento perpétuo

Mitocôndrias e Quasares

As plantas e os animais, crescem, alimentam-se reproduzem-se e morrem, e tudo isto ocorre dentro da nossa escala de tempo ou espaço, o que nos permite reconhecer o ciclo. Por outro lado, as rochas não pertencem ao mundo dos seres vivos, são imutáveis, ou pelo menos aparentam permanecer num estado sempre invariável. Aristóteles dizia que a única possibilidade no devir de uma rocha era cair. No entanto, a ciência dedicou-se a provar que a crosta terrestre (como a camada rochosa externa da Terra) é regida por um mecanismo dinâmico, de movimento perpétuo, embora, a nós, ele nos passe despercebido.

A crosta terrestre e toda a Terra têm a sua própria vitalidade e sofrem alterações importantes na sua estrutura, pelo que evoluem ao longo do tempo geológico. Os tsunamis e os vulcões, tanto pela sua espetacularidade como pelos seus efeitos devastadores, são exemplos evidentes dessas alterações que ocorrem na crosta terrestre e que chamaram e ainda chamam a atenção do homem comum e do cientista, que procura compreendê-las melhor, conhecer todas as causas que as originam e mesmo preveni-las.

Observando as rochas com mais atenção, analisando as dobras, as falhas e outras estruturas observáveis e mensuráveis, será possível notar que estas nos falam das tremendas forças da Terra e das deformações que as rochas sofrem em grande escala.

A litosfera sofreu e continua a sofrer intensas alterações e reage a diversos estímulos e fatores que a modificam. Se observarmos uma paisagem rochosa e as suas múltiplas deformações, características, cores e estruturas, estamos a ser testemunhas, na realidade, da ação de forças colossais e de uma escala tempo-espaço que nos excede. Como se faz, então, para os estudar e compreender tudo isso? Com a ajuda da ciência e graças a uma análise metódica dos elementos que participam neste processo.

Os materiais da litosfera são submetidos a dois tipos e direções de ação de forças: a força vertical da gravidade; as forças horizontais, provenientes do deslocamento de massas de rocha em grandes superfícies a partir de movimentos convectivos do manto. Desta forma, como resultado de forças horizontais e verticais, o deslocamento líquido dos materiais ocorre numa direção oblíqua.

Para entender o comportamento das rochas face às forças atuantes na crosta, estuda-se a relação esforço/deformação dentro do domínio da física denominado mecânica das rochas, da mesma forma como atualmente se estudam estruturas de materiais rígidos/elásticos como os aços, betões e solos (mecânica de solos), aplicando modelos de ensaios no laboratório em diferentes condições de pressão e reproduzindo as condições naturais.

Neste sentido, para determinadas condições de pressão e temperatura um material responderá à aplicação de um esforço, numa primeira fase, com uma deformação elástica, reversível, que é diretamente plástica ou irreversível, que cresce a maior velocidade que o esforço; por último, responderá com uma deformação rígida ou rutura que, ao contrário das anteriores, interrompe a continuidade original do material. As falhas, que iremos abordar em próximo texto, representam o maior exemplo de deformação rígida.

Por: António Costa

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