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O México e a Síria

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O mundo da barbárie é incolor, não tem donos, não tem classes sociais. Há por certo um padrão moral na intolerância e no fanatismo. O mesmo padrão imoral que transforma muitos dos que ascendem a cargos da administração. O México foi surpreendido com uma presidente de Câmara que mandou matar 43 estudantes. A Presidente ainda deve estar surpresa de que a tenham descoberto e estranhar a importância que 43 mães deram aqueles “delinquentes políticos”. A impunidade está diretamente ligada a todos os extremistas. Todos são incapazes de perceber que no amanhã não mandam nada, que num amanhã por vezes próximo vão ser desmascarados, descobertos, presos, ou mesmo criminalmente imputados. O dinheiro sujo, as mortes bárbaras, os abusos de poder, parecem muitas vezes infinitos e ilimitados, mas numa mudança de regime, num momento de viragem política, às vezes um problema climático, ou uma hecatombe financeira internacional, os desequilíbrios retiram-lhes poder e a lógica de roubo, de enriquecimento ilícito, de desrespeito pela vida humana acabará arrancando-lhes o prestígio de que gostam, o medo que pensavam incutir, a “desvergonha” com que exerciam o poder. O México e a Síria, uns narcotraficantes e outros fanáticos religiosos, sofrem da mesma doença imoral e inumana. Numa abordagem delicada, diria que é um padrão mais avançado da mesma doença que envolve o Estado português. O BES, os Visa Gold, o BPN, as PPP e a falta de vergonha, as redes de influência, a falta de respeito pelos cidadãos são só um estádio menor da evolução, num quadro patológico que tem por cerne a imoralidade e os seus sintomas – amor ao dinheiro mais do que às pessoas, fanatismo radical na prossecução de um fim, utilização indevida do poder. O “maligno” tem nestas pessoas o adubo fértil da sua perpetuação.

Por: Diogo Cabrita

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