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«O meu maior desafio é conseguir preparar e terminar o Rali Dakar 2013»

Cara a Cara – Mário Patrão

P – Qual é o segredo para ser nove vezes consecutivas campeão da categoria TT2 no nacional de todo-o-terreno na vertente de motas?

R – O segredo é uma soma de muitos pontos. É preciso determinação, força de vontade, auto-confiança, insistir face às dificuldades e aos problemas, disciplina rigorosa, fazer opções que nem sempre são as mais fáceis, ter as pessoas certas ao nosso lado… E ter também, como em tudo na vida, a estrela da sorte do nosso em lado nos momentos determinantes.

P – E para se ser penta-campeão?

R – Fundamentalmente temos de ter um comportamento estável, ir superando os objetivos e conquistando títulos e vitórias, pensando sempre no que ainda falta fazer.

P – Perante tanto domínio, não se sente tentado a experimentar outro tipo de provas?

R – Gosto do desporto motorizado e dentro do mesmo já experimentei inúmeras modalidades como o enduro, em que fui também algumas vezes campeão nacional, mas também o motocross, supercross, raides, bajas e ralis. Falta-me a velocidade em pista, um dia, quem sabe, se surgir a oportunidade não excluo essa hipótese, pois gosto de me superar sempre.

P – Participar numa competição internacional, como o Rali Dakar, poderia ser um objetivo?

R – Sim. Este ano já participei no Merzouga Rally, em Marrocos, e estou a trabalhar no projeto do Rali Dakar 2013 desde o ano passado. É um objetivo e será uma realidade no final do ano, vou experimentar uma Suzuki nova nesta competição. É um projeto pioneiro sem nenhuma comparação e conto com o apoio de todos.

P – Que outros desafios tem em mente?

R – A internacionalização da minha carreira foi um objetivo para o qual trabalhámos intensamente esta época, assim como a renovação dos títulos no campeonato nacional de todo o terreno e enduro. Neste momento, o meu maior desafio é conseguir preparar e terminar o Rali Dakar 2013.

P – Sendo oriundo de um concelho do interior do país e de um pequeno distrito como é o da Guarda, sente que é mais difícil reunir os meios necessários para competir ao mais alto nível, a nível nacional, mas também internacional?

R – Sim, se por um lado sinto um apoio mais próximo e a maioria das pessoas conhece o meu trabalho, acompanha-o e admira-me, por outro estou mais longe das grandes empresas, do movimento e da comunicação social nacional. Este não é, porém, um constrangimento muito grande para mim, pois sempre tive patrocinadores importantes da região e nunca me senti prejudicado por viver no interior.

P – A atual conjuntura de crise tem afetado a sua equipa a nível de patrocínios?

R – A minha equipa e o meu projeto estão inseridos no contexto económico nacional e como a maioria das empresas, pessoas ou instituições está a sofrer com a grande contração económica do país. Acresce ainda o facto da verba destinada a patrocínios ou publicidade ser uma das despesas que as empresas cortam ou reduzem logo de imediato. Nesse sentido, tem sido complicado gerir esta situação, mas com alguma criatividade e esforço mútuo é possível prosseguir com o projeto.

P – O facto de ser oriundo do interior do país é uma desvantagem competitiva contra a qual tem de lutar ou, pelo contrário, é um ponto a seu favor?

R – Como já disse, tem vantagens e inconvenientes. Desde logo, é necessário perceber as vantagens, rentabilizá-las e tentar ultrapassar as dificuldades. Neste momento, as despesas de deslocação acabam por representar um encargo extremamente elevado. Em contrapartida, também disponho de um património natural para treinar impossível de ter numa grande cidade.

Mário Patrão

«O meu maior desafio é conseguir preparar e
        terminar o Rali Dakar 2013»

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