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O melhor e o pior

Observatório de Ornitorrincos

O tsunami que esta semana atingiu os países do Oriente foi uma tragédia sem comparação desde o século XVI, altura em aquelas costas foram alcançadas pelos marinheiros portugueses. A verdade é que 2004 foi um ano de muitos terramotos e maremotos. O Observatório de Ornitorrincos é um espaço que procura estar sempre atento às grandes questões do nosso tempo e aos seios mais proeminentes das revistas à venda nos quiosques. Sendo este o último artigo de 2004, procurei fazer o balanço do ano que agora acaba, as previsões para o próximo e eleger aquele que foi o Ornitorrinco de Ouro 2004. Depois de uma semana a elaborar essa lista dos acontecimentos e personalidades mais importantes do ano, aqui ficam os nomes das principais casas de alterne onde não se pratica prostituição, informação que pode ser muito útil a todos aqueles a quem seja aplicada uma medida restritiva muito em voga nos tribunais portugueses.

Casas de alterne onde não se pratica prostituição:

A lista do parágrafo anterior é com certeza uma ruptura epistemológica desde que o director do Interior apelou ao turismo nacional e à reportagem internacional para darem uma oportunidade às casas de passe da região, numa versão alternativa do slogan do turismo português “Vá para dentro bem dentro”. Também para a Tailândia, país afectado pelo maremoto do início da semana (esta referência serve para que se perceba que o autor deste texto não anda a dormir e conhece as construções circulares da narrativa), o conceito da viagem difere dos safaris africanos pelo tamanho das presas.

Nesta altura estará o leitor a perguntar-se o que é feito do tal balanço do ano de 2004 e das previsões para 2005. E tem todo o direito a perguntar-se. O cérebro é seu e os neurónios também, pelo que pode perguntar-se o que bem lhe aprouver. Pode questionar-se sobre a justeza da guerra, sobre o hermafroditismo e sobre a quantidade de copos de cerveja que consegue transportar numa só mão, que ninguém terá nada a ver com isso. A liberdade é mesmo isto. É um tipo poder perguntar-se o que quiser. E é bom. Já com perguntas a outras pessoas é preciso ter algum cuidado, porque há gente pouco tolerante e leva algumas coisas a mal. Perguntar à vizinha do lado se é possível vê-la tomar duche tem proporcionado más interpretações e alguns problemas lá no condomínio.

A verdade sobre 2005 é só esta: vai ser mais curto que 2004. Um dia inteirinho. Espoliados de 29 de Fevereiro – que ressurgirá apenas em 2008 – o país viverá angustiado à espera do retorno dessas 24 horas finais que antecedem a chegada de Março. Viverá ainda mais atormentado se, para além da falta do ano bissexto, algum partido ganhar as eleições de Fevereiro e seja quem for anunciar a candidatura a Belém.

O leitor impaciente espera pela anunciada lista dos acontecimentos de 2004 enquanto todos os outros desistiram e estão já neste momento a ler a crónica de Diogo Cabrita (ou os classificados, se for dos que gostam de começar por trás, não que eu tenha alguma coisa contra). Essa impaciência crónica do povo português tem causado grandes transtornos ao país. Temo bem que o leitor seja mesmo o grande responsável pelo estado caótico a que chegou a nação. E se acha que estou a exagerar e a culpá-lo de coisas sobre as quais não se considera responsável, leia a coluna do Vasco Pulido Valente amanhã e domingo no Público e veja se não tenho razão.

Para acabar a introdução ao melhor e pior de 2004 e às previsões para 2005, falta falar da maior ameaça deste final de ano: o réveillon. A festa de passagem de ano é a maior incógnita da civilização ocidental. Porquê passas e champanhe à meia-noite e música brasileira a noite inteira? Ainda se calhasse estar na mesma casa de banho que a Scarlett Johansson ou soubesse que os Delfins tinham decidido acabar a carreira…

Finalmente, aqui ficam o melhor e pior de 2004 e as perspectivas para 2005:

[FALTA DE ESPAÇO]

Por: Nuno Amaral Jerónimo

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