Arquivo

O melhor do novo rock progressivo europeu em Gouveia

Segunda edição do festival “Gouveia Art Rock” agendada para sábado e domingo no Teatro-Cine

O novo rock progressivo está de regresso este fim-de-semana à “cidade jardim” para a segunda edição do “Gouveia Art Rock”. Com mais concertos que em 2003, o evento assenta arraiais sábado e domingo no Teatro-Cine onde actuarão seis bandas, portuguesas e estrangeiras, com destaque para o mítico Richard Sinclair, vocalista e baixista fundador dos Caravan, e os suecos Isildurs Bane, que tocarão pela primeira vez em Portugal. O único festival do género realizado no nosso país fica ainda marcado, no primeiro dia, pela apresentação de um DVD que inclui os dois principais concertos da edição do ano passado, dos franceses Nil e dos italianos La Maschera di Cera, entrevistas e gravações vídeo dos bastidores. Mas será também a oportunidade de lançamento de dois álbuns de músicos portugueses.

O “Gouveia Art Rock”, promovido pelo segundo ano consecutivo pela Câmara local e a associação Portugal Progressivo, apresenta seis grupos herdeiros do rock progressivo dos anos 70. O cartaz deste ano inclui o suave rock sinfónico italiano dos La Torre dell’Alchimista e Periferia del Mondo, o neo-clássico e progressivo de fusão de Isildurs Bane, com 10 álbuns editados, mas também o estilo improvisado e irónico do britânico Richard Sinclair, que integrou os Camel, outra banda mítica dos anos 70, e os portugueses Forgotten Suns e Fernando Guiomar. Segundo a organização, Sinclair vai actuar em Gouveia com o baterista Andy Ward, fundador dos Camel, e o flautista e saxofonista Theo Travis, eleito o músico de jazz britânico do ano em 1994. Os Forgotten Suns abrem o festival no sábado à tarde (16h30) e apresentam o seu novo álbum “Snooze”, de estética neo-progressiva na linha dos Marillion, com lançamento marcado para breve. Seguem-se os Periferia del Mondo, enquanto o Richard Sinclair Trio encerra o primeiro dia do “Gouveia Art Rock 2004”. Um espectáculo muito aguardado pelos apreciadores deste estilo musical, uma vez que o baixista e compositor é uma verdadeira lenda viva do género.

No domingo, o português Fernando Guiomar, que vai tocar alguns temas do projecto Trape Zape, trio de progressivo de fusão, antecede a actuação do grupo La Torre dell’Alchimista. Mas o momento alto do último dia do festival acontece com a subida ao palco do Teatro-Cine dos Isildurs Bane. Trata-se de uma das mais prestigiadas bandas do progressivo mundial, cujo nome foi inspirado na trilogia “O Senhor dos Anéis”, de Tolkien, e que traz a Gouveia a sua mais recente produção “MIND Vol.4: Pass”, lançado em Outubro passado. O rock progressivo surgiu no final dos anos 60 como estética musical, mas foi durante alguns anos da década seguinte que se assumiu como fenómeno popular, evoluindo desde então para muitas ramificações, como o rock sinfónico, art rock, rock neo-clássico, rock de câmara, jazz rock, rock-in-opposition e progressivo de fusão. Bandas como Genesis, Yes, Pink Floyd, King Crimson, Van der Graf Generator e Jethro Tull, foram contributos decisivos para esse apogeu, mas o rock progressivo é hoje um fenómeno “underground” da música pop que vive à margem dos circuitos comerciais, apesar da sua vitalidade.

Os norte-americanos Dream Theater, na vertente “heavy metal” progressivo, são actualmente a banda “prog” (progressiva) com maior êxito. Em Portugal, foram muitos os músicos que compuseram e tocaram rock progressivo-sinfónico, como os Petrus Castros (do fundador dos Arte e Ofício e Trabalhadores do Comércio Sérgio Castro), Saga, Homo Sapiens e Tantra (ainda em actividade), mas o álbum mais aclamado ainda hoje é “10.000 anos depois entre Vénus e Marte”, de José Cid.

Luis Martins

Sobre o autor

Leave a Reply