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O Mar

Podia ser doce e não é. Podia não ter ondas e tem, podia ser sem predadores e tem, podia ser mais quentinho e não é. O mar podia ser caminho e é fronteira. O mar podia ser lugar das nossas vidas e não foi. Os homens vivem na terra e usam o mar. O mar diverte, alimenta, dá energia, cria prazer, tem vida e é vida. Amar o mar e ter o mar por destino era o Jacques Cousteau. Felizmente, há mais Jacques que o vão defendendo e mais pessoas que o querem tal como ele é. Pessoas que não o criticam por ser frio e não ser doce. Há mais pessoas que não querem mudar a natureza, produzir fronteiras e limitar-lhe as praias. Hoje, o mar vinga-se de quem lhe coloca centrais nucleares na orla, das plataformas petrolíferas no seu seio. E surgem as desgraças, as hecatombes, as respostas do mar às coisas que o homem lhe faz. Menos peixe, menos coral, menos baleias. O mar responde aos 7 mil milhões de pessoas adoecendo e dando-lhes um destino pior. Não percebem os avisos do mar? Os homens poluem mais e ele aninha-se. Às vezes destrói, às vezes galga as fronteiras. Mas o destino principal é adocicar-se, ficar com menos peixe e menos coral. O mar chama à razão enquanto adoece e nos avisa que nos irá matar.

Por: Diogo Cabrita

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