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O maior dinossauro do mundo

Mitocôndrias e Quasares

A notícia que marca a semana no mundo da ciência é a descoberta, na Argentina, do maior dinossauro alguma vez encontrado. Os dados associados aos restos fossilizados desta nova espécie são esmagadores: 40 metros de comprimento e um peso equivalente a 14 elefantes. O dinossauro é um herbívoro, da família dos saurópodes, de cauda e pescoço longos e crânio pequeno, com uma massa corporal de 77 toneladas, inferida a partir do comprimento e diâmetro do fémur. Terá vivido há uns 90 ou 100 milhões de anos, no período do Cretáceo Superior, a reta final da era dos dinossauros. A descoberta deste fóssil é importante, não só por se tratar de um novo dinossauro, mas também pelo facto de revelar muito sobre o local e o tempo em que viveram. Mas o que é um fóssil? E quando se forma?

Os fósseis formam-se quando um organismo é sepultado e as partes duras do seu corpo, tais como os ossos, os dentes, as unhas, a casca ou o tecido lenhoso são preservadas, quer seja na forma material original, quer seja como uma impressão gravada. Por vezes, o material original é dissolvido por completo, deixando uma cavidade na rocha que mais tarde poderá encher-se de outro material, como por exemplo, um mineral. A cavidade é conhecida como molde externo e o recheio que o preenche recebe o nome de molde interno. Os fósseis são comuns em sedimentos de grão fino que surgem nos ambientes de fraca energia, tais como lagos, fundos oceânicos pântanos e nas partes tranquilas dos deltas. São raros em sedimentos grossos e de alta energia, onde tendem a ser desfeitos, abrasados e destruídos. Por conseguinte, é mais provável que os fósseis se encontrem em rochas como o calcário, a calcedónia impura, o arenito, o xisto argiloso e o siltito.

Para além da preservação dos vestígios rígidos de um organismo por intermédio de um sepultamento em sedimentos, existem outras maneiras menos comuns pelas quais um fóssil pode formar-se. De entre elas, a petrificação é a mais frequente. Neste caso, a estrutura orgânica original é impregnada pela água subterrânea que contém minerais dissolvidos que solidificam, transformando-se literalmente em rocha. De uma maneira geral, o processo metassomático é composto por sílica, por vezes na forma de opala preciosa. Nesse tipo de fósseis é raro encontrar-se qualquer material original. Até mesmo o material de concha fossilizada é raramente original, tendo sido recristalizado e, no decurso do processo, perdendo o seu brilho e lustro originais. A preservação das partes moles do corpo, a pele, o pelo, as escamas e as penas é extremamente rara, mas existem algumas situações onde isso já se verificou. Uma tal preservação pode ocorrer quando o acesso de oxigénio ao organismo acabado de morrer é sepultado de repente durante uma erupção vulcânica.

Entre os mecanismos mais bizarros de fossilização encontram-se o sepultamento, a congelação e a dessecação. Os animais incluindo os seres humanos e os mamutes, têm sido preservados através da congelação em gelo. Os animais mais pequenos, em especial os insetos, mas por vezes também os lagartos, as rãs e as aves, podem ficar aprisionadas e perfeitamente preservados em âmbar. A mumificação é um processo raro de fossilização peculiar das áreas desertificadas. Um dos processos mais interessantes nesta área de conhecimento é a reconstrução de fósseis. Trata-se de um processo delicado e moroso. Tal como sucede no local de um crime, a posição e a orientação dos vestígios fósseis são importantes para determinar a causa da morte. O pedaço do quebra-cabeças tem de ser cuidadosamente etiquetado antes de ser removido para facilitar a reconstituição em laboratório. Encontrar todos os pedaços possíveis é igualmente importante, uma vez que fósseis desarticulados podem estar espalhados por uma área muito vasta – os vertebrados podem chegar aos 200 ossos. Os pedaços mais frágeis podem ter de ser estabilizados com resina e protegidos com gesso antes de serem mexidos. Já no laboratório, a reconstituição do animal original poderá demorar mais cem vezes do que a recolha.

Dependendo da natureza do fóssil e da rocha matriz em que ele está embebido, poderá empregar-se numa preparação mecânica ou então uma preparação química para se extrair o fóssil. A preparação química é utilizada com frequência quando o fóssil se encontra embebido em calcário, que pode ser dissolvido num ácido fraco, deixando o fóssil exposto e intacto. Aguardemos, então, pela reconstrução deste fóssil descoberto na Argentina.

Por: António Costa

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