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O «limbo» depois de Adriana Calcanhotto no 8º aniversário do TMG

Américo Rodrigues revelou que o cachet da cantora “levou” o orçamento mensal da Culturguarda e antecipa dificuldades decorrentes do fim da empresa municipal

«Estamos numa espécie de limbo, um “não-lugar”». A noite era de festa mas Américo Rodrigues aproveitou a sessão para lembrar dificuldades recentes. O fim da Culturguarda – Empresa Municipal e o esquecimento por parte do Governo foram as críticas centrais da intervenção do diretor do Teatro Municipal da Guarda (TMG) na sessão comemorativa do 8º aniversário do equipamento.

«O Estado demitiu-se de uma responsabilidade constitucional, tratando a Guarda e a região como portugueses de segunda», criticou Américo Rodrigues, salientando que o TMG tem sido subsidiado apenas pela Câmara «desde o seu segundo ano». O responsável considerou que o fim da empresa municipal foi uma «alteração para pior», fundamentada num critério «unicamente economicista». E os efeitos da decisão já se começam a notar, pelo que o espaço não terá a mesma quantidade de espetáculos. «O cachet da Adriana Calcanhotto é o dinheiro que teríamos para um mês inteiro», revelou o diretor. O futuro do TMG vai assentar numa nova empresa, faltando apenas que «o Tribunal de Contas autorize o seu funcionamento», referiu.

No entanto, o balanço é positivo uma vez que o TMG «cumpriu o objetivo inicial de oferecer à Guarda apresentações de muita qualidade e diversidade», considerou. «O teatro passou por fases muito difíceis, mas o dia de hoje é sinal que as ultrapassou», reiterou Américo Rodrigues. Também Virgílio Bento, vice-presidente e vereador da Cultura da Câmara da Guarda, se juntou ao coro de críticas pelo fim da Culturguarda: «O que tínhamos como modelo de gestão fundamental foi posto em causa», disse. «O TMG ainda é uma criança e tem as fragilidades de uma criança. Estes oitos anos foram de consolidação do projeto», destacou o edil. A sessão comemorativa integrou ainda o lançamento do DVD do espetáculo “Guarda: Sopro Vital”.

Um aniversário com sabor a Brasil

O grande auditório do TMG foi pequeno para receber Adriana Calcanhotto, que trouxe na bagagem o violão e o espetáculo “Olhos de Onda”. A cantora e compositora brasileira – natural de Porto Alegre – terminou o concerto de sábado com a mesma alegria com que o tinha começado uma hora antes. Pelo meio, a vulnerabilidade e perturbação das letras musicadas despertaram na artista e na plateia uma multiplicidade de emoções. Da lágrima no canto do olho ao sorriso, o jogo de luzes misturado com o vestido verde e a voz amena da cantora gaúcha transportaram os presentes para o mar que, nas palavras de Adriana, «nos aproxima mais do que nos afasta». Devolva-me (2000), Vambora (1999) e Fico Assim sem Você (2004) foram os pontos altos de um concerto a várias vozes.

Sara Quelhas Adriana Calcanhotto atuou para mais de 600 pessoas

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