Um dos hominídeos mais famosos é o Homo florensiensis, embora tenha alcançado a celebridade sob a alcunha de o “Homem das Flores”. Esta espécie ficou também popularmente conhecida por “Hobbit das Flores” devido às semelhanças físicas com os “Hobbits”, essas pequenas e simpáticas criaturas inventadas por J.R.R. Tolkien na conhecida saga “O Senhor dos Anéis”. Trata-se de uma espécie do género Homo descoberta por cientistas australianos e indonésios que teria evoluído paralelamente ao ser humano. No início, pensou-se que os ossos do Homo floresiensis encontrados numa gruta da ilha de Flores (Indonésia) pertenciam a uma criança, dado que até mesmo os adultos não ultrapassavam um metro de altura.
A ilha de Flores foi descrita como um “mundo perdido”. Ali ainda vivem animais arcaicos, há muitos anos extintos no resto do mundo, que teriam evoluído até alcançar formas gigantes, ou anãs, devido ao isolamento geográfico. Nesta ilha encontram-se algumas curiosidades fascinantes, como os elefantes anões (uma espécie de Stegodon), lagartos gigantescos parecidos com o dragão de Komodo. Entre estes estranhos espécimenes pode colocar-se o Homo floresiensis, que porventura deveríamos considerar uma espécie de humano anão muito antigo e já desaparecido.
Um estudo publicado na revista “Nature” sustenta que os antepassados do “Homem das Flores” habitaram a ilha de Flores há pelo menos 1 milhão de anos. Isto é uma novidade porque, até à data, o que se sabia com alguma certeza era que os floresiensis viveram no arquipélago da Indonésia até há cerca de 17.000 anos e especulava-se que os seus antepassados tinham pisado este território há pelos menos 500 mil anos.
A aceitar-se como válida a ideia de que os floresiensis viveram nesta ilha há 1 milhão de anos, é preciso repensar alguns postulados relativos à origem e às correntes migratórias dos hominídeos dado que a sua existência na Indonésia há tanto tempo indicaria que os seus antepassados teriam saído de África muito antes do que se estimava. Ou então que os primeiros Homo poderiam ter origem também na Ásia.
Entre outros fatores que ainda constituem um enigma, o que é surpreendente é que, se não tiveram a sua origem na ilha, tendo chegado lá posteriormente, teriam de ter dominado algum tipo de navegação, ainda que rudimentar, devido ao facto da ilha de Flores ter estado sempre separada do continente por grandes canais marítimos. Se, pelo contrário, se rejeita a hipótese das embarcações, resta supor que, nalgum momento, há milhões de anos, o nível do mar era suficientemente baixo para que fosse possível aceder à ilha caminhando.
As ferramentas que testemunham a presença desta espécie na Indonésia são cerca de 45 e foram descobertas na jazida de Wolo Sege, que pode considerar-se ter 1 milhão de anos de idade graças à camada de cinza vulcânica que se encontrava por baixo dessas ferramentas.
Por: António Costa