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O Grande

Corta!

Este é o ano grego. Depois de campeões europeus de futebol, e de terem recebido os Jogos Olímpicos, também Hollywood se parece ter voltado para aqueles lados no ano que agora chega ao fim. Não há muito tempo tivemos entre nós o aborrecido Tróia, e agora é a vez de Alexandre, O Grande. E as coisas não devem ficar por aqui. Ainda antes da sua rodagem, o último biopic realizado por Oliver Stone já dava que falar, muito por culpa de uma luta de dimensões em tudo idênticas às empreendidas pelo retratado. Depois da Grécia, seus mitos e heróis, terem deixado de interessar, durante longo período de tempo, à máquina de sonhos americana, surgem boatos de dois distintos realizadores pretenderem passar para a tela as aventuras e desventuras de Alexandre. Parece que Stone terá levado a melhor, pois do outro nunca mais se ouviu falar.

Apresentado como filme de uma vida, Oliver Stone assina em Alexandre, O Grande um dos maiores fiascos, não apenas deste ano (cheio deles), mas de sempre. Com três horas de duração, apenas por breves momentos o filme consegue ter algum interesse. A primeira batalha é realmente impressionante, com a utilização de milhares de personagens, criadas por computador, a ajudar o efeito esmagador pretendido, não estando ali apenas para encher, como já vimos este ano nos incontáveis barcos de Tróia. Outro momento digno do melhor de Stone aparece quase no final, quando os seus soldados, cansados de uma luta de anos, intermináveis, se revoltam. É no domínio da paranóia que o realizador de JFK ou Assassinos Natos melhor se movimenta, e consegue neste momento trazer à memória filmes esquecidos dos anos 70 como The Conversation, de Francis Ford Copolla, ou The Arragement, de Elia Kazan. Pena que nada mais nas suas longas horas consiga sequer aproximar-se de tais momentos de lucidez.

Com soluções preguiçosas, como colocar um narrador, ele próprio aborrecido com a história que conta, Alexandre, O Grande, surge como uma besta incontrolável, maior que as capacidades do seu domador para o conseguir controlar, acabando por ficar num meio-termo que a nada leva, transformando-se no que de mais aborrecido o cinema tem para oferecer.

As opções de casting para o filme estão elas também cheias de lacunas. Se os actores, individualmente, se safam, quando em conjunto pouco ou nenhum sentido fazem. Angelina Jollie surge mais bela e perigosa que nunca, mas jamais nos convence como mãe de um Collin Farrel que bem poderia ser seu irmão mais velho.

Para continuar assim, mais vale Hollywood esquecer de vez a Grécia e o seu enorme manancial de histórias e lendas. Os livros dedicados a tais heróis podem ser (para alguns) difíceis de ler, mas pelo menos não são tão aborrecidos

Por: Hugo Sousa

hugossousa@hotmail.com

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