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O futuro do Hospital de Seia só poderá ser melhor e todos queremos o melhor

As primeiras referências ao Hospital de Seia, então pertencendo à Santa Casa da Misericórdia, datam de 1617, constatando-se desde então a permanente presença da instituição na vida comunitária da região, mas só em 1992 ele foi inserido na rede que constitui o Serviço Nacional de Saúde. A funcionar desde 1930 no velhinho edifício hà muito sem o mínimo de condições, a que em 1995 se veio juntar um novo destinado a Serviços Administrativos e Consulta Externa/Ambulatório. O hospital de Seia, até hoje, tentou responder às necessidades da população sempre com grandes dificuldades no que diz respeito ao corpo clínico, tendo como valências a medicina interna e a cirurgia geral que apresentam há muito uma desajustada distribuição do seu número de vagas, ocupando-se “camas” de cirurgia com doentes de medicina, muitos deles embora doentes necessitando apenas de cuidados continuados, mas para os quais nunca foi encontrada resposta e soluções capazes. Adicionando-se a estas a consulta externa e uma precária urgência de desenrasca, que na sua maioria é um prolongamento da consulta, cujas condições de resposta à verdadeira situação de urgência escasseiam, sobrepondo-se às muitas capacidades e boa vontade dos profissionais.

A contagem decrescente para a nova dinâmica organizativa no contexto de Unidade Local de Saúde da Guarda e o avançado estado de construção do novo equipamento hospitalar, levou a oposição política local através da concelhia do PSD de Seia a criticar o futuro do hospital e a distribuição das suas valências, encetando um ataque público ao poder Socialista, acusando-o injustamente de estar a «matar» o Hospital de Seia e de se «prepararem para implementar um plano que visa retirar-lhe a maioria dos seus serviços essenciais». O que é demonstrativo não só de falta de informação e escassez de discernimento, como também de alguma “insanidade política” dos dirigentes do PSD local, que a meu ver, apenas tem como objectivo alimentar uma gincana política primária, presa ao passado e desajustada da realidade.

Pois, como é sabido, todos lutámos, independentemente da cor política, sabendo despir a camisola quando até isso se demonstrou necessário, para que um novo edifício para o Hospital de Seia fosse uma realidade, não cabendo agora em nenhuma mente sã a ideia de que neste projecto nem todos desejamos o melhor.

E para que o hospital de Seia possa melhor responder com segurança e qualidade às verdadeiras necessidades em saúde das populações de toda a sua área de influência, já é do conhecimento público que ele irá ter: um Serviço de Urgência Básico com Meios Complementares de Diagnóstico renovados e reforçados a funcionar 24 horas e o já activado serviço de Suporte Imediato de Vida; um Serviço de Medicina Interna com 23 “camas”; Internamento de Convalescença de duração máxima de 30 dias com 20 “camas”; Internamento de Cuidados Paliativos com 10 “camas” e um serviço de Cirurgia Geral com 9 “camas”, que julgo suficientes para colmatar situações de necessidade de curta convalescença pós operatória e situações de agudização de doença do foro cirúrgico. Terá Consultas Externas alargadas e Medicina Física e de Reabilitação com mais equipamento e mais técnicos. E terá também um Bloco Operatório com duas salas que apostará em cirurgias de ambulatório, que apetrechadas de modernos equipamentos puderam ir além das valências tidas no passado, que com uma verdadeira aposta nas modernas tecnologias, agora menos invasivas, poderá ser uma valência potencialmente rentável para a instituição e contribuir para a diminuição da lista de espera cirúrgica, respondendo a necessidades prementes da população.

O novo contexto organizativo de ULS – EPE que agrupará o Hospital de Seia, o Hospital da Guarda e todos os Centros de Saúde do Distrito, permitirá uma melhor articulação dos cuidados primários, secundários e terciários com grandes ganhos em saúde para todos. E irá naturalmente possibilitar uma melhor gestão dos recursos humanos, técnicos e materiais, permitindo também maior flexibilidade nas contratações que venham a demonstrar-se necessárias.

É óbvio que todos gostaríamos de ter o melhor e o maior hospital possível na nossa terra, pois a saúde é para todos nós um bem maior, mas temos que ser realistas e manter o bom senso. Os responsáveis políticos e institucionais tudo têm feito para que tenhamos o melhor. E assim como no passado, também agora é necessário juntar esforços e vontades, para que este novo projecto do Hospital de Seia integrado na ULS do Distrito da Guarda, embora diferente, seja uma realidade que corresponda às nossas expectativas e que na óptica de proximidade dê resposta às reais necessidades da população. A interioridade da nossa região será sempre um obstáculo com o qual teremos que coabitar e embora com um novo equipamento hospitalar, a carência de meios humanos continuará a ser uma realidade, perante a qual a responsabilidade de no futuro os cativarmos será também de todos nós. Por isso, é pois necessário o contributo de todos na construção de uma imagem positiva de sucesso deste nosso novo projecto e não anunciar a sua morte prematura sem qualquer fundamento.

Por: Joaquim Nércio

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