Prefil:
-Carlos Sacadura
-Coordenador do Gabinete Técnico e de Formação da AFG
-Naturalidade: Moçambique, mas a viver na Guarda desde pequeno -Idade: 29 anos
-Profissão: Professor de Educação Física
-Currículo: Trabalhou dez anos com os escalões de formação do NDS. É coordenador técnico da AFG há quatro anos. Tem acompanhado as selecções distritais jovens e pontualmente as nacionais. Encontra-se a tirar Mestrado em Psicologia do Desporto
-Hobbies: Desporto-aventura, quando não tem futebol
P – O que leva a Associação de Futebol da Guarda a apostar num campeonato distrital de futebol feminino?
R – Vem no seguimento de um projecto engraçado, elaborado no ano passado, de promoção do futebol feminino com encontros no escalão de sub-17 entre cinco equipas. Constituímos uma selecção distrital e vimos que tínhamos atletas de bom nível num escalão etário ainda bastante baixo, pelo que entendemos dar continuidade a esse trabalho. No início desta época registámos um número elevado de inscrições de clubes que pretendiam participar e elaborámos um campeonato com o intuito de desenvolver o projecto e enraíza-lo, ainda que com futebol de sete e num escalão júnior.
P – Mas porquê juniores?
R – O futebol feminino divide-se em três escalões: infantis e escolas, onde as miúdas podem jogar juntamente com os rapazes em equipas mistas; outro que inclui iniciadas, juvenis e juniores e, por último, o escalão sénior. Queremos consolidar o distrital com o futebol de sete, que é mais rico e possibilita uma maior aprendizagem. Mas também com juniores, para consolidarmos na base e para não acontecer como no Mileu e Foz Côa, que, sem qualquer tipo de experiência, entraram num campeonato nacional e desapareceram. É para evitar isso que queremos primeiro consolidar, dar experiência competitiva às jovens, para depois surgir o futebol sénior, com subidas aos nacionais mas com bases para se poder ir.
P – Considera então que o futebol feminino é uma modalidade com futuro no distrito?
R – Penso que sim e a forma como os clubes aderiram, com 12 equipas – enquanto os distritais masculinos de iniciados e de juvenis têm nove e onze – promete um campeonato ao nível dos outros de camadas jovens. Os pais estão mais envolvidos, há pessoas interessadas e há alguns “carolas” que o querem manter.
P- Contudo, a desistência quase certa de três equipas – Mileu, Manteigas e Lageosa do Mondego – não pode perturbar o arranque da prova?
R – O calendário está definido e como é um campeonato distrital esse assunto terá que ir às instâncias competentes para definirem o que fazer. Mas há normas que as pessoas têm que respeitar e lamento que estes pequenos entraves só apareçam depois da prova estar lançada e quase a começar. O gabinete técnico é uma porta aberta na AFG e toda a gente pode recolher informação, porque estamos lá para ajudar as pessoas.
P – Não considera então que tenha havido alguma falta de organização?
R – Não. O sorteio foi definido e os clubes avisados. No sorteio houve espaço de diálogo e, a partir do momento em que as pessoas não se manifestaram, se alguém disser que esteve ausente, as ausências são anuências. Há momentos próprios e específicos onde as pessoas devem manifestar a sua opinião e dar o seu contributo. Quisemos um processo aberto para que não fosse a AFG a dizer que era assim.
P – A competitividade da prova poderá ser afectada?
R – Não diria tanto a competitividade, porque as atletas com vontade de participar irão fazê-lo. Agora menos experiência competitiva e menos jogos podem diminuir a qualidade, porque quanto mais competição melhor preparadas ficam as atletas para encarar o futuro. Mesmo assim penso que no futuro será constituído um campeonato distrital absoluto.
P – Em termos de logística, os clubes têm condições para receber este campeonato?
R – Conheço sumariamente a organização dos clubes envolvidos e penso que têm condições. Estamos a falar de algumas colectividades conceituadas no distrito e de outras que estão a aparecer pela primeira vez, mas os dirigentes dão-nos garantias.