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O filme do fim do mundo

Atmosfera Portátil

As profecias do apocalipse e do fim do mundo sempre existiram ao longo da história da Humanidade, com especial ênfase para as profecias de Nostradamus e do povo Maia, que tinha um conhecimento avançado da Astronomia e Astrofísica. Ora, o calendário Maia prevê que no dia 21 de Dezembro de 2012 (dia do solstício de Inverno) haverá um acontecimento muito grave à escala planetária, capaz de mudar o mundo tal como o conhecemos. Actualmente sabe-se que no momento do solstício a Terra está alinhada com o Sol e com o centro da nossa Galáxia, a Via Láctea. No centro da Galáxia existe um buraco negro supermassivo. Baseado em Einstein e nos conhecimentos astronómicos mais recentes, há quem diga que o alinhamento com este buraco negro levará a uma mudança do campo magnético terrestre, que acontece periodicamente. Isto poderá provocar uma onda destrutiva de tsunamis, vulcões, terramotos, etc.

Em suma, com base num misto de profecias maias, especulação científica, crendice e charlatanismo, o fim do mundo tal como o conhecemos, tem data marcada. Aponte na agenda: 21 de Dezembro de 2012. Não faltam na internet sites que exploram este acontecimento, com contagem decrescente e tudo. E não se pense que esta profecia tem apenas meia dúzia de fanáticos. É levada a sério por milhões de adeptos acreditam firmemente que o mundo vai acabar em 2012, como provam as milhares de páginas na internet sobre o assunto. Este tema serve, de igual modo, para vender muitos livros, documentários e espalhar muitas conferências pelo mundo fora.

Por outro lado, como não podia deixar de ser, o cinema aproveita-se destas anunciadas catástrofes para fazer render o peixe (como se sabe, Hollywood inventou o “filme-catástrofe”, aquele género de filme que coloca sempre em perigo a humanidade e o planeta). E que melhor especialista para tal empreitada do que o realizador Roland Emmerich, o profeta da destruição com filmes como “Godzilla” (1998), “O Dia da Independência” (1996) e “O Dia Depois de Amanhã” (2004)? À conta de Emmerich, as grandes cidades do mundo (sobretudo Nova Iorque) já foram dizimadas várias vezes, com prazer quase sádico. Ora, aproveitando a proximidade do suposto fim do mundo, o realizador está a finalizar o seu novo filme-catástrofe, chamado, pois claro, “2012”. Pelo que o trailer deixa antever (basta ir ao YouTube comprovar), desta vez o grau de destruição explorado no novo filme de Emmerich não deixa pedra sobre pedra. Mar, terra, ar e fogo irão tragar a civilização, reduzindo-a a poeira cósmica. Claro que pelo meio da devastação, como é habitual nos argumentistas de Hollywood, há a história de uma família (com crianças pequenas, o pai é John Cusack) que tenta salvar-se do dia do juízo final (e há-de conseguir). Estreia apenas em Novembro, mas o filme já lançou o debate na internet e nos círculos mais académicos.

Há que convir que o trailer de “2012” é visualmente convincente e impressionante, fruto da cada vez maior sofisticação dos efeitos especiais digitais. A principal questão passa mesmo por aqui: muito provavelmente, o filme de Roland Emmerich esgota-se na sua própria parafernália visual e na apoteose destrutiva global para encher o olho, deixando para segundo plano a substância do argumento (com os clichés do costume) e das interpretações.

Preparemo-nos: o Apocalipse está a chegar (mais uma vez).

Por: Victor Afonso

O filme do fim do mundo

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