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O Feital como atelier de artes vivas

Durante três semanas, a Natureza será o mote para dois artistas plásticos alemães, um belga e quatro portugueses no VI Simpósio de Arte Internacional

O Feital vai transformar-se, pela sexta vez, num verdadeiro atelier de artes vivas. Entre os próximos dias 31 de Agosto e 20 de Setembro, a pequena aldeia do concelho de Trancoso vai servir de fonte de inspiração para sete artistas que aceitaram o desafio do atelier “Temos Tempo” e de Maria Lino, mentora desta iniciativa, para participarem no VI Simpósio de Arte Internacional. Como acontece em cada edição, as diversas artes moram durante três semanas em cada esquina, ruela, sítio ou recanto daquela localidade, onde os artistas irão criar subordinados ao tema “O Desenho – desenhar com a Natureza. Desenho o que como”. A ideia é «chamar a atenção para a Natureza e se cada um desenhar o que come terá consciência do que vai comer a seguir», explica Maria Lino, que este ano convidou sete novos artistas plásticos para embelezarem o Feital. Dois vêm do Norte da Alemanha (uma pintora e um escultor), um da Bélgica e os restantes quatro deslocam-se de Lisboa para três semanas de um verdadeiro encontro de culturas. Sete artistas plásticos que se estreiam nesta iniciativa do Atelier “Temos Tempo” e que foram escolhidos pela escultora e pintora do Feital através dos vários catálogos de arte que vai recebendo ao longo do ano de diversos países. «De acordo com as qualidades de cada um e o tema escolhido, vejo quem melhor se adequa e quais os artistas que podem ganhar mais com uma vinda ao Feital», revela Maria Lino.

Os eleitos ficam instalados nas casas de turismo de habitação da aldeia, encargos que, juntamente com a alimentação e as despesas inerentes ao funcionamento do atelier, criam em todas as edições diversas dificuldades financeiras à organização do simpósio, que conta sempre com apoios «muito abaixo do que peço», queixa-se Maria Lino. Este ano terá a comparticipação da Gulbenkian, da Associação Cultural e Recreativa de Trancoso (onde se inclui a Câmara Municipal), do Inatel e da delegação regional de Coimbra do Ministério da Cultura. Apoios que «não chegam» para trazer mais artistas ao Feital, como aconteceu nas edições anteriores (a última contou com onze), já que desta vez o simpósio não terá o habitual apoio do Instituto da Arte Contemporânea, recentemente extinto. «Fui obrigada, por isso, a reduzir o número de participantes», conta a inspiradora deste projecto. Não há prémios para os participantes, apenas a vontade de voltarem para o ano a fim de exporem os trabalhos que vão efectuar durante as próximas três semanas. Obras que vão ser realizadas dentro e fora do atelier “Temos Tempo”, tendo sempre a inesgotável Natureza daquela terra como amuleto para a concretização de trabalhos originais que ficarão registados através de vídeo. Do Feital, os artistas levarão ainda «muita» experiência, «conhecem-se como grupo», vêem o «horror da terra queimada», o espaço rural e tudo o que lhe está subjacente. «É bom para os artistas porque ficam três semanas a trabalhar para eles», completa Maria Lino, agastada com o facto de não lhes poder dar nada, «mas não tenho mesmo nada», conclui.

Rita Lopes

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