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O exercício amargo do Poder

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Liderar é um caminho de vida que, por vezes, nos chega de modo inesperado, outras vezes porque nos insinuámos e estávamos na hora certa no local adequado. Assim podemos exercer o poder porque mudou uma liderança acima de nós e há uma aposta noutro protagonista, podemos ser escolhidos porque os outros morreram, podemos ser chamados porque tudo o mais não deu certo. Umas vezes vimos do cansaço, outras do compadrio, outras do “amancebismo” e raras, mas não impossíveis do mérito. O exercício da liderança com mérito arrasta a consequência feliz do respeito dos pares, da parca necessidade de levantar a voz e da força que tem o exemplo como pilar. Liderar implica depois alguns trabalhos. Quem aceita a direcção tem de perceber a estratégia de quem o convidou, colocou ou empurrou e na consonância com este desenhar a sua estratégia de desenvolvimento ou de cumprimento. Liderar é isso tudo: fazer e não fazer, cumprir ou encerrar, desenvolver ou apagar. Há escolas de liderança mas a minha crença está sobretudo na que é natural, inata, percebida por todos como clara. A gestão certa é democrática, igualitária e coerente. A liderança ideal é atenta, determinada sem teimosia, honesta e sobretudo transparente. O exercício do poder para servir interesses ínvios, com estratégias pessoais, acaba sempre condenado e denunciado, mas, em boa verdade, vai denegrir todos aqueles que lideram. Por isso é brutal a força do jornalismo “popularucho” e demagógico. Queimam transversalmente destruindo o bom na denúncia de um caso único. Ontem, vi na SIC uma mulher a quem deram horas de antena para falar de um hospital onde teria sido abusada por um maqueiro… Aquilo queima transversalmente, suja todos sem estar sequer provada ainda a veracidade dos factos. E queima para vender uma audiência que passa a imaginar-se abusada num qualquer elevador de um qualquer hospital. Quem lidera a SIC é impróprio e quem manda naquele hospital é insosso. Fiquei nauseado. Aquilo não é jornalismo e só é permitido porque estamos muito mal conduzidos.

Por: Diogo Cabrita

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