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O estádio do dragão

Vai ser interessante seguir a inauguração do estádio do dragão no próximo dia 16 de Novembro. Primeiro porque se pode então ficar com uma ideia mais concreta do que vai ser o palco de inauguração do Euro 2004 (já no próximo dia 12 de Junho). Depois porque a inauguração aparece rodeada de casos, alguns deles bastante polémicos. No plano desportivo não se vislumbram as razões da escolha do Barcelona (talvez uma vontade de Mourinho, talvez um aprofundar de relações negociais) para apadrinhar a inauguração. A forma como se tentou justificar a opção dizendo que há grandes similitudes de pontos de vista entre a Catalunha e o Norte de Portugal pareceu-me uma utopia. Possivelmente são resquícios de uma vontade independentista, que há muito era suposto ter sido ultrapassada.

No plano social temos duas medidas altamente discutíveis: Rui Rio, o presidente do município da cidade não foi convidado. E para agravar a situação ainda veio o presidente Pinto da Costa acicatar os ânimos com declarações estapafúrdias: “…só se estivesse maluco é que convidaria o presidente da Câmara….”. Quanto a mim é uma oportunidade perdida. Que melhor pretexto teria Pinto da Costa, do que a inauguração do estádio para convidar o desalinhado e corajoso presidente da Câmara Municipal do Porto a participar na festa que é a do seu clube mas também é da cidade? Dessa forma só mostraria elevação, grandeza e capacidade. Mas não, o Sr. Pinto não quer saber de tolerância. “Olho por olho, dente por dente”, parece ser a filosofia adoptada. Esta postura tem dado resultados mas não tem feito crescer o FCP à medida dos seus êxitos desportivos. E se se pensa por esse meio atingir o presidente na sua popularidade, esse é um jogo sujo, uma jogada à margem da ética e que provavelmente não irá dar resultado algum. Hoje os cidadãos, já distinguem na sua esmagadora maioria o que é ser do FCP e o que é ser munícipe. E ainda bem.

Outro assunto a merecer reparos e a acompanhar com atenção é a hipotética ida do primeiro-ministro à inauguração. Como pode o Sr. Pinto da Costa garantir que não haverá qualquer manifestação de desagrado pela presença do primeiro-ministro? Será que tem capacidades paranormais de adivinhar o que vai na cabeça das pessoas que vão estar nas bancadas do estádio? Ou poderes especiais, que lhe permitam calar as vozes discordantes? Também aqui a estratégia não parece ter sido a mais feliz. Por um lado pode espantar a caça, por outro, mesmo que se confirme a sua profecia de não haver vaias, restará sempre a dúvida se o silêncio, ou o aplauso, terá sido ou não verdadeiro. Já estou a ver o “primeiro” a hesitar, a prorrogar a confirmação da ida ao estádio, tentando avaliar os prós e os contras de ir ou não ir.

Serão estes os contornos a marcar o ambiente da festa azul e branca. E nem o passe de mágica de Luís de Matos, que escondeu o resultado do jogo num pequeno baú fechado à chave, parece poder ombrear com a mediatização que os casos “Rio” e “Durão” por certo despertarão nos mass media e no espírito de quantos assistirem à festa. Mesmo assim, parabéns FCP.

Por: Fernando Badana

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