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O envelhecimento da população

Os portugueses estão a envelhecer. Cada vez vivemos mais tempo, o que associado a uma diminuição da natalidade se traduz na existência de uma percentagem de idosos cada vez maior.

Esta é a realidade da Europa e em Portugal, não só não se foge a regra, como se verifica que o acontecimento ainda é mais marcado que noutros países.

O facto das pessoas viverem mais tempo, proporciona-nos a alegria de poder conviver mais longamente com os nossos pais e avós com todo o enriquecimento que tal possibilita. No entanto, existem problemas que derivaram directamente do aumento da longevidade e para os quais é necessário preparar e implementar estratégias de forma a minorizá-los.

Focando apenas algumas das questões na vertente da saúde:

Dentro do grupo dos mais idosos, muitas pessoas sofrem de problemas crónicos que requerem cuidados de saúde e têm necessidades de saúde que vão desde consultas periódicas a uso quotidiano de medicações. Estudos publicados recentemente pelo Eurostat apontam para a existência duma grande percentagem de pessoas com problemas crónicos de saúde e mostram que essa percentagem é maior quanto mais anos as pessoas têm. Por outro lado o número de pessoas com graves dependências e necessidades de apoio de terceiros ou da comunidade é também maior.

Para estas problemáticas é fundamental implementar estratégias preventivas, curativas e paliativas:

Promoção da saúde e prevenção primária pretendendo intervir nas populações visando preservar o estado de saúde e evitar doenças. Estas estratégias, no entanto só darão resultados daqui a uns anos e embora sejam os melhores resultados – uma população mais saudável – não tiram lugar às outras intervenções:

Tratamento e reabilitação visando a redução do impacte da doença na pessoa e na sociedade, tentando fundamentalmente a obtenção do melhor nível de qualidade de vida. Para este objectivo também estão virados os tratamentos paliativos (quando não é possível curar, organizar a intervenção no sentido de minorar o sofrimento).

Olhando agora para a nossa região, verificamos que o problema assume uma dimensão muito importante, pois o interior português está a envelhecer a um ritmo superior ao litoral.

É por consequência fundamental que, localmente, se consiga responder a estas necessidades para que cada pessoa possa aceder aos cuidados que precisa: Ambulatórios em primeira instância ou de internamento, seja nas crises agudas em que tal seja necessário, seja nas convalescenças, seja em situações mais ou menos prolongadas em que o internamento seja indispensável.

Sendo a família um elemento essencial em toda esta dinâmica, é fundamental que existam condições para que possa exercer a sua função de apoio aos idosos sem o equilíbrio psicológico e o orçamento familiar.

Na perspectiva em que este sistema de cuidados requer a participação de todas as instituições vocacionadas para a área, saúdam-se as iniciativas que várias instituições particulares de solidariedade social, Misericórdias e Cruz Vermelha desenvolveram ou têm em preparação e também se saúdam as iniciativas que autarquias estão a desenvolver no âmbito do apoio ao idoso visando uma integração de cuidados.

Aliás, a organização de cuidados de saúde ao idoso é um bom exemplo da indispensabilidade de integração dos vários níveis de cuidados de saúde: primários, hospitalares e continuados que só tem a ganhar com o desenvolvimento dos sistemas locais de saúde e com novos enfoques na organização dos cuidados mais centrados nos utentes e nos seus problemas de saúde.

Os recursos são, até por definição, sempre limitados e, em Portugal, quer pela crise que atravessamos quer pela necessidade de se intervir, é fundamental que a racionalidade e a organização imperem para que os resultados obtidos tragam mais e melhor saúde para todos.

Por: Miguel Castelo Branco

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