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«O ensino politécnico não é inferior ao universitário»

Nuno Silva assumiu novo mandato à frente da Associação Académica da Guarda com um discurso bastante crítico

«É necessário apostar no ensino como um investimento e não como um custo». Nuno Silva não deixou de atirar algumas “farpas” em várias direcções na cerimónia de tomada de posse do seu segundo mandato à frente da Associação Académica da Guarda. Entre várias reivindicações, o representante máximo dos alunos do Instituto Politécnico da Guarda voltou a focar a necessidade de continuar a luta para que a Escola Superior de Saúde possa ser uma realidade, criticando, por outro lado, «uma certa facção política» mais interessada em pedir uma universidade para a cidade.

O presidente da AAG garante que o «ensino politécnico não é inferior ao universitário», ressalvando ser necessário «encarar a educação como um investimento e não um custo», como na Finlândia, onde a aposta feita nesta vertente nos últimos 25 anos tem vindo a dar frutos. De resto, o panorama da educação nacional também desagrada a Nuno Silva, para quem se está a assistir à «maquinização do ensino», uma vez que se está a «proteger o ensino superior privado em detrimento do ensino superior público», diz. Quanto ao futuro, garante que a AAG vai estar atenta e participativa na contestação: «Diz-se que não há dinheiro para bolsas, mas também existe o mito urbano do tipo de Ferrari que vai buscar a bolsa máxima ao serviço», afirma, considerando que a «culpa» por esta situação continuar, alegadamente, a existir advém de «quem fiscaliza». Para o presidente da AAG, cuja equipa registou algumas mudanças, «é inacreditável» que um licenciado «tenha que esperar 15 meses para entrar no mercado de trabalho», reportando-se ao caso dos alunos provenientes das Escolas Superiores de Educação.

Nuno Silva afirmou ainda que «de promessas está o inferno cheio», aludindo à situação do curso de Engenharia Topográfica cuja acreditação na Ordem dos Engenheiros vem sendo reivindicada há muito. Para além de ter retomado várias tradições que se encontravam “adormecidas”, a equipa da AAG do ano passado conseguiu «sanear financeiramente» a instituição, já que foram pagos 15 mil dos 20 mil euros de passivo, «mas nem por isso deixaram de se fazer actividades». Relativamente à possível instalação de uma universidade em Viseu, Nuno Silva não deixa de criticar a atitude de uma «certa facção politica» do distrito da Guarda que se apressou a pedir uma universidade para a cidade mais alta, sob o risco do «Estado inchar até que rebente», ironiza. «Nós queremos vê-los é a lutar pela Escola Superior de Saúde, porque temos que defender aquilo que temos», reforça. A finalizar, Silva enalteceu a «coragem» dos responsáveis do IPG em fixarem a propina mínima, expressando o desejo de no próximo ano «haver a mesma coragem». Um apelo ouvido por Jorge Mendes, presidente do Politécnico guardense, que elogiou o trabalho desenvolvido pela direcção cessante, que se mantém quase na sua totalidade. «Enquanto presidente do IPG já trabalhei com vários presidentes da AAG, mas com esta direcção foi feito um trabalho extremamente produtivo», sublinha.

Ricardo Cordeiro

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