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O direito à indignação e à… resposta

Serviu-se, o professor Norberto Gonçalves, de um espaço de escrita que mantém neste jornal para, à falta de assunto, como ele referiu, comentar a suspensão do modelo de avaliação de professores, votado favoravelmente por TODA a oposição.

Quanto à falta de assunto ou até da sua oportunidade, começo desde já por estranhar, pois tinha acabado de saber-se da nomeação e promoção de centenas de “boys”, bem como da intenção do governo (felizmente também chumbada pela oposição) de agigantar os valores relativos a ajustes diretos, para que Sócrates e os seus ministros pudessem gastar à “tripa forra” e, ao mesmo tempo, decidirem, eles próprios, com quem o iam gastar.

Ora tendo nós sido conduzidos, por estes senhores, a uma situação financeira tão miserável que até o abono de família, criado por Salazar, no longínquo ano de 1942, foi cortado a quem a ele tinha direito, parecem completamente obscenas, aquelas duas atitudes e daí, merecerem alguma reflexão que, muito bem ficaria no tal espaço.

Tal não foi o entendimento do nosso colega, pois não lhes atribuiu qualquer importância, tendo-se sentido mais incomodado com a suspensão do modelo de avaliação docente.

Convém lembrar que o dito modelo começou, há meses, a ser fortemente contestado, quer pelos professores, quer pelos diretores das escolas, uma vez que todos reconheciam que a sua implementação iria lançar o caos nas escolas, até porque coincidia com a realização de diversas provas, desde a aferição, aos exames, não lhe sendo reconhecido qualquer contributo positivo no processo educativo. Bem pelo contrário… Os partidos da oposição ouviram previamente os professores, ao contrário do que fez o executivo, que ao apelo destes, sempre respondeu com ameaças, pelo que, a suspensão representou um ato de responsabilidade dos partidos da oposição face a, essa sim, irresponsabilidade de um “governo”, cujo chefe, desde o início, procurou mover uma, ainda não explicada, perseguição aos professores, sendo o atual modelo imposto, uma das peças dessa perseguição.

Norberto Gonçalves, não aceita a suspensão, pois vê nela um claro aproveitamento político. Estranha-se, até porque diz reconhecer que o dito não servia, que era gerador de tensões, que… Então o que esperaria ele da manutenção de tal modelo?

Igualmente se estranha que, durante estes seis negros anos, nunca se tenha sentido arremessado, humilhado e até violado. 120 000 sentiram e mostraram-no em Lisboa.

E como entender a sua posição, quando a esmagadora maioria dos seus colegas de escola, exatamente 116, (nos quais me incluo), a exemplo de milhares de outras escolas, tinham acabado de assinar uma petição a solicitar a suspensão do referido processo?

Por último, refere que iremos pagar muito caro… Aqui chegados, ficamos perplexos e estupefactos. Será que Norberto Gonçalves ainda não se apercebeu de que já estamos todos a pagar muito caro, não as suspensões impostas pela oposição, mas sim as imposições (que a oposição, infelizmente, não pôde travar) de um “governo” mentiroso, incompetente e irresponsável que nos levou à BANCARROTA?

Manuel Mariano, professor, carta recebida por email

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