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O dia “D” da Plataforma Logística

Candidatura ao Interreg III da primeira fase é analisada na segunda-feira em Salamanca

Segunda-feira é o dia “D” para a Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial da Guarda. A “cimeira” luso-espanhola do Interreg III discute em Salamanca a elegibilidade da candidatura da PLIE, uma decisão determinante para o arranque do projecto na Quinta dos Coviais. Em causa está um financiamento de 13 milhões de euros para a primeira fase do empreendimento, orçado num montante global de 26 milhões, e o impulso capital para a sua implementação a uma dezena de quilómetros da cidade. O optimismo é dominante no seio dos responsáveis da sociedade e na autarquia, a tal ponto que uma placa informativa já está pronta para ser colocada no local, perto da auto-estrada da Beira Interior (A23) e do caminho-de-ferro (linhas da Beira Baixa e Beira Alta). Nunca antes nenhum projecto gerou tanta expectativa na Guarda, onde existe uma unanimidade indiscutível quanto à importância da PLIE no desenvolvimento local e regional.

A Plataforma Logística, idealizada há quatro anos pelo ex-ministro da Economia Augusto Mateus, actual consultor da autarquia, assenta nas vertentes de tecnopólo, logística, Área de Localização Empresarial (ALE) e serviços de apoio, investigação e desenvolvimento, características a incrementar numa área de 100 hectares adquirida na zona da Gata. Por enquanto trata-se de dar início à primeira fase da iniciativa a desenvolver em 32 hectares com construção, divididos por 74 lotes. O Plano de Pormenor, da autoria do arquitecto Bruno Soares, ainda aguarda a aprovação do Conselho de Ministros mas estipula que nove hectares irão destinar-se prioritariamente à implantação de projectos âncora na área logística. Já a sede da sociedade deverá ficar instalada num edifício com pavilhão multiusos. Em termos de acessibilidades, a Câmara prepara-se para adjudicar a empreitada que vai avançar ainda este ano. Já as obras de infraestruturação da Plataforma Logística serão tratadas no âmbito da candidatura ao Interreg e poderão arrancar até ao final de 2004 no que diz respeito à preparação dos terrenos e ao início de implantação de infraestruturas.

Os desafios da PLIE

Aprovada a candidatura ao Interreg, como se espera, a sociedade aprovará o Plano de Negócios definitivo no âmbito do qual serão estipulados os preços dos lotes. Estarão também reunidas as condições para o aumento do capital social para perto de 1,5 milhões de euros e as formas de o fazer. O que no caso da Câmara da Guarda vai envolver o terreno da Quinta dos Coviais, cujo valor ronda os 536 mil euros. No resto, tudo indica que a estrutura accionista deverá ser reformulada, nomeadamente com a entrada de uma entidade financeira e com “know-how” neste sector, para além do interesse já manifestado pelo Conselho Empresarial do Centro (CEC) e da Associação Portuguesa para o Investimento (API) em aderir ao projecto guardense. Actualmente, a sociedade tem um capital social de 50 mil euros e é composta por onze accionistas: Câmara Municipal, NERGA, Associação de Comércio e Serviços do Distrito da Guarda (ACG), Ecosoros, Gonçalves & Gonçalves, IPE-Investimento e Participações Empresariais, grupo JOALTO, grupo Luís Simões, LUSOSCUT (concessionária da A25 auto-estrada das Beiras Litoral e Alta), Manuel Rodrigues Gouveia e SERVIHOMEM-Prestação de Serviços a Empresas.

Costa Faria, representante do Grupo Luís Simões na comissão executiva da sociedade, definiu a Plataforma Logística como uma «pequena cidade de negócios onde as empresas se juntam para gerir melhor as suas actividades». Num seminário dedicado ao tema em Fevereiro, o gestor disse estar esperançado que a primeira empresa se instale na Quinta dos Coviais antes do final de 2005 e sublinhou o facto da PLIE materializar «um espírito de competitividade para a região, a criação de riqueza e ser um espaço marcante de integração das duas economias ibéricas». Um optimismo partilhado por Augusto Mateus, para quem o projecto vai ser «uma de várias “andorinhas” que farão a Primavera da economia portuguesa». De resto, apoios institucionais não lhe faltam. A secretária de Estado da Indústria, Comércio e Serviços, Maria do Rosário Ventura, principal interlocutora da comissão executiva da sociedade no Ministério da Economia, não se tem cansado de destacar o «carácter inovador e a visão de futuro» do projecto da Guarda. Também o ministro da Economia, Carlos Tavares, já disse que a PLIE é uma «prioridade nacional», enquanto o Conselho Empresarial do Centro (CEC) é outro dos seus defensores. Para Almeida Henriques, presidente da direcção, a Plataforma Logística é uma iniciativa de «importância estratégica e grande valor empresarial» para a região Centro. Nesse sentido, o CEC, que representa 40 mil empresários, garantiu não só um apoio «inequívoco» à iniciativa, como também mostrou interesse em entrar no capital social da sociedade gestora.

Luis Martins

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