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O Daniel

Bilhete Postal

Impressiona-me até ao sono, entrando-me pelos sonhos e perturbando-os, a história do Daniel que foi morto barbaramente em Portugal. Não me compete julgar, mas não poso deixar de pensar que o menino fez uma perfuração de víscera e viveu com ela o sofrimento atroz da peritonite na sua mudez, surdez e cegueira. Daniel sofreu brutalidades aos seis anos e isso é intolerável. Se alguém lhe produziu sevícias bárbaras é preciso que se exerça justiça rápida e eficaz. O Daniel estava encerrado pelos sentidos, incapaz de comunicar a sua infância com os outros e isso é uma prisão da felicidade, uma limitação da imaginação, um erro de Deus. Compete à inteligência dos homens criar prioridades e saber distinguir os apoios importantes. Quem sabe lidar com uma situação desta gravidade? Quem sabe ajudar uma vida destas? Como prevenir um predador animal de destruir uma criança? No fundo este é a síndrome da selva, o mais fraco fica ali à mercê da sorte e dos predadores que o rodeiam. As instituições estavam atentas? A prioridade estava definida? A Sociedade dos homens pode impedir ou corrigir estes desígnios? A cultura e a história obrigam a impedir a vingança primária e as ideias de pena de morte, mas que estas coisas ocorrem nesta hora, lá isso ocorrem. Meu pobre e querido Daniel desculpa-nos a todos e pede contas a Deus.

Por: Diogo Cabrita

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