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“Ó da Guarda!” pelas novas músicas

Vítor Joaquim, Carlos Zíngaro e os Supersilent no festival de música experimentalista da Guarda

As novas músicas estão em cena a partir de hoje no Teatro Municipal da Guarda (TMG), por ocasião de mais um festival “Ó da Guarda!”. Até domingo, os palcos do pequeno e grande auditório recebem algumas das propostas nacionais e internacionais mais vanguardistas do momento. Um evento não aconselhado a quem for duro de ouvido.

O “Ó da Guarda!”, instituído pela Câmara local em 1996, tem sido pioneiro na divulgação da música experimentalista em Portugal. Esta edição não vai faltar à regra e a primeira noite está entregue a Vítor Joaquim e Lia. No pequeno auditório, o músico e compositor apresenta as novas sonoridades que resultam do cruzamento da electrónica improvisada com a arte digital. O espectáculo é baseado no seu próximo trabalho, “The Flow”, e é uma “paisagem sonora” que servirá de inspiração à artista visual austríaca Lia, criadora e processadora de imagem em tempo real. Amanhã é a vez do experimentalista mor nacional Carlos Zíngaro se apresentar em palco. O concerto também está agendado para o pequeno auditório do TMG, onde o violinista e manipulador sonoro vai surgir com o seu novo colectivo. Os “ZNGR Electro-Accoustic Ensemble” são, para além de Zíngaro (violino e computador), Ulrich Mitzlaff (violoncelo e violoncelo eléctrico), Nuno Rebelo (guitarras eléctrica e acústica), Emídio Bichinho (também guitarras eléctrica e acústica) e Carlos Santos (computador). A sua música é “metal” transfigurado por uma “vocação noise”.

Depois do concerto, Rui Eduardo Paes fala das novas possibilidades da utilização do som. Nesta pequena “Conferência e Sessão de Djing” no café-concerto, o crítico e ensaísta explicará como a utilização da palavra na música vai encontrando alternativas ao simples formato de canção. É uma espécie de preparação para o espectáculo que está reservado para o encerramento do “Ó da Guarda!”. No sábado muda-se para o cenário majestoso do grande auditório para receber o único concerto em Portugal dos noruegueses Supersilent. É a banda cabeça de cartaz do festival, mundialmente conhecida pelas suas sonoridades “harcore noise” e industrial, mas os seus concertos são verdadeiras caixinhas de surpresa. Tanto assim que o seus elementos (Helge Sten, Stale Storlokken, Arve Henriksen e Jarle Vespestad) só se encontram para tocar ao vivo e gravar discos, sem ensaiar ou discutir antes a sua música. O cair do pano do festival está entregue ao colectivo experimental, “Ó – Colectivo de Improvisação”, logo após a actuação dos Supersilent no café-concerto. Constituído por músicos da Guarda, o Ó apresenta-se com um formato interessante de quatro guitarristas (Rogério Pires, Zé Tavares, Victor Afonso e Albrecht Loops) e um baixista (Luís Andrade). O resultado é um espectáculo assente na electro-acústica e na exploração de linguagens que vão do rock ao jazz.

Luis Martins

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