Arquivo

O Curso Intensivo de Morangos com Açúcar

Coisas…

Acabadinho de chegar de umas curtas férias no Algarve, descobri que venho muito mais culto do que parti. Talvez o fenómeno se fique a dever ao facto de me ter recusado a ver televisão ou ler jornais, ter insistido na enésima releitura de “Os Maias” e acabar os dias a revisitar os Monty Python. Mas provavelmente um outro factor terá pesado neste meu enriquecimento cultural: ter tido tempo para escutar os comentários apaixonados da minha filha a propósito da novela do fim de tarde “Morangos com açúcar”.

Em primeiro lugar fiquei a saber que os frutos são servidos COM açúcar e não SEM e, de cada vez que me enganava no título, quase apanhava na cabeça (com toda a legitimidade, diga-se). Mas o mais importante foi ter sido apresentado a uma personagem que dá pelo genial nome de Crómio, namorado da Magda que está grávida do Henrique que, por sua vez, gosta de todas as raparigas com quem se cruza. Para complicar as coisas, não consta que o Crómio tenha já provado os prazeres da carne, o que não o impede de estar completamente convencido de que é o pai da criancinha que a Magda traz no ventre. Esta, por sua vez, não abre o jogo, a ver em que é que param as modas. Ali pelo meio há ainda umas “estórias” de amores lésbicos e uma banda que dá pelo nome de D’ZRT que acho que quer dizer sobremesa em português; mas para esses desenvolvimentos já não tenho cabeça. Basta-me o triângulo gravídico.

Como já sei que a minha aventura pelo mundo dos “Morangos” terminou hoje, tratei de fazer uma apostinha com a minha filha: eu aposto que a tal Magda acaba por confessar ao tal Crómio que o rebento é do outro e este outro, o Henrique se bem se lembram, vai-lhe cair nos braços arrependido de toda a leviandade dos seus 17 anos; casam e são felizes para sempre. A minha filha, mais batida nestas coisas, acha que o Crómio vai ser enrolado em toda a linha (até porque tem pais ricos) o que permitirá que a Magda dê um glorioso golpe do baú. Estão em jogo 5 euros de aposta e a coisa sempre me irá permitir acompanhar de longe estes morangos enquanto, por outro lado, me vou deliciando com as aventuras e desventuras de Dâmaso Salcede e companhia. Ah! E também tenho que regressar ao trabalho.

Por: António Matos Godinho

Sobre o autor

Leave a Reply