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O cerco ao interior

Crónica Política

Chega ao fim o mês de Setembro e com ele chega a concretização do único plano que o Governo do PSD tem para o interior do país, a introdução plena das portagens nas ex-SCUT.

Ainda o PSD era oposição e já este seu propósito era conhecido, chegando mesmo a fazer depender da introdução das portagens o apoio aos então famosos PEC’s.

Condenei na altura a cedência do Governo liderado por José Sócrates aos propósitos do PSD por considerá-los um ataque feroz à debilitada economia da região e uma medida que contradiz o espírito de desenvolvimento regional e coesão territorial com o projeto das SCUT foram criados.

Estranho o silêncio de alguns que na altura se manifestaram contra, mas que agora, por serem dos partidos do Governo, nada dizem, isto é, entre o partido e a nossa região fizeram a escolha óbvia para eles!

Um dos argumentos usados para a introdução desta medida tem a ver com a situação económica do país. Argumento falacioso que peca, acima de tudo, pela incoerência, senão vejamos:

– A1 livre de portagens entre Lisboa e Alverca (14 km) e entre Grijó e a Ponte da Arrábida (17 km);

– A2 livre de portagens entre Lisboa e Coina (23 km) e após Paderne (5 km);

– A3 livre de portagens entre Porto e Maia (9 km) e entre São Pedro da Torre e a fronteira (7 km);

– A5 livre de portagens entre Lisboa e Carcavelos (14 km);

– A6 livre de portagens entre Elvas e o Caia (17 km);

– A8 livre de portagens entre Lisboa e Loures (7 km) e entre o Bombarral e as Caldas da Rainha (29 km);

– A15 livre de portagens entre Óbidos e A-dos-Negros (4 km);

– A20 (Circular Regional Interior do Porto) sem portagens em toda a sua extensão (17 km);

– A27 sem portagens em toda a sua extensão (24 km);

– A28 livre de portagens entre Porto e Matosinhos (5 km) e entre Viana do Castelo e Caminha (23 km);

– A30 sem portagens em toda a sua extensão (10 km);

– A31 sem portagens em toda a sua extensão (11 km);

– A33 livre de portagens entre Coina e o Montijo (16 km);

– A34 sem portagens em toda a sua extensão (5 km);

– A36 (conhecida por CRIL) sem portagem em toda a sua extensão (21 km);

– A37 (conhecida por Radial de Sintra) sem portagem em toda a sua extensão (16 km);

– A38 (conhecida por Via Rápida da Caparica) sem portagem em toda a sua extensão (6 km);

– A39 (conhecida por Via Rápida do Barreiro) sem portagem em toda a sua extensão (7 km);

– A40 (conhecida por Radial de Odivelas) sem portagem em toda a sua extensão (4 km);

– A41 livre de portagens entre Picoto e Espinho (5 km);

– A43 no Porto sem portagens em toda a sua extensão (16 km);

– A44 no Porto sem portagens em toda a sua extensão (9 km);

– VRI no Porto sem portagens em toda a sua extensão (3 km).

Da informação exposta, facilmente verificável na Internet, duas coisas se podem concluir:

– o fim do regime de SCUT na A25 e A23 por causa da situação económica do país é falso, se assim fosse todos os quilómetros de auto-estrada passariam a ser portajados;

– curiosamente, ou talvez não, ao redor de Lisboa e Porto existem centenas de quilómetros de auto-estradas gratuitos.

Sobre o valor/km muito haveria a dizer…

Se a esta questão juntarmos todas as outras de responsabilidade do Estado que têm feito com que o interior do país esteja cada vez mais condenado ao abandono, importa perguntar ao vice-presidente da bancada parlamentar do PSD na Assembleia da República, que afirmou que o estado das contas públicas se deve ao facto de «ao interior tudo ser dado», se alguma vez veio ao interior conhecer a sua realidade.

O estado das contas do país deve-se, isso sim, ao facto de existirem na Assembleia da República alguns energúmenos, (usaria o mesmo termo se fosse deputado socialista) como este sr. deputado (que chegou a tal por ser filho de Luís Filipe Menezes), que não conhece sequer o país e a sua realidade. Pessoas como esta envergonham qualquer partido e descredibilizam a Democracia.

Por: Nuno Almeida, presidente da concelhia da Guarda do PS

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