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O caminho a fazer

Editorial

1. A realização da terceira edição da Feira Ibérica de Turismo é a confirmação de um evento que tem a ambição de promover o turismo e contribuir para a dinamização social e económica da região. Sendo certo que é essencialmente um certame de dimensão regional e, como por vezes os críticos referem, um encontro de atividades económicas da região, a FIT assume-se como um projeto ambicioso e que vai ganhando impacto e adquirindo relevância. Ainda não é uma Feira de operadores turísticos e mostra de turismo com escala, mas esse é um caminho que vai sendo feito e não é rápido nem fácil.

Ainda assim, a partir deste ano, a FIT tem de assumir-se não apenas como um certame de referência, mas também o centro de promoção do turismo regional e a alavanca económica para um sector tido sempre como a panaceia do desenvolvimento, mas onde depois falta sempre a dinâmica e a capacidade de atrair turistas. Tem de ser, futuramente, muito mais a “bolsa” de pacotes turísticos regionais, de visibilidade de operadores, de motor de sinergias e caminhos de desenvolvimento turístico, do que, como ainda ocorre, uma feira de atividades económicas onde o turismo funciona como âncora. Mas o caminho trilhado para a afirmação da feira fez sentido.

E enquanto todos nos regozijamos com a organização da FIT e com a dinâmica que, por quatro dias, a Guarda conquista, é bom perceber que por outras latitudes se pensa noutra dimensão. Se por cá discutimos o presente e o impacto local das opções e intervenções, noutras latitudes constrói-se o futuro. Em Lisboa, por exemplo, de 6 a 8 do corrente tem lugar a Startup Weekend Lisbon… este também podia ser o caminho diferenciador para centros urbanos e académicos como a Guarda e a Covilhã (insisto no tema, porque, ainda é possível apanharmos o trilho da aceleração tecnológica e o desígnio da sustentabilidade das cidades, mesmo as do interior).

2. Há duas semanas escrevi aqui que é urgente o lançamento de um “plano Marshall” para salvar o interior. E que o Estado, as administrações públicas, tem de investir nos territórios de baixa densidade e só será possível mudar o panorama de desertificação e abandono a que o interior foi votado através de investimento público.

Por isso, foi com enorme interesse e agrado que li as declarações de Helena Freitas, responsável para a Unidade de Missão do Interior, no “Público” do dia 24, afirmar categoricamente que é uma emergência nacional combater o desequilíbrio do país e dizer que se «há um novo departamento da função pública, que abra no interior». Só com a abertura de serviços públicos no interior será possível criar emprego qualificado e fixar as populações. Esperemos que o plano de coesão territorial que no fim do verão Helena Freitas irá apresentar inclua este pressuposto. Já chega de tudo ir para Lisboa e de tudo ser feito em Lisboa ou no litoral.

3. O grande vencedor do Prémio Eduardo Loureço deste ano é Luís Sepúlveda. O escritor é chileno, mas é também um dos mais universais e lidos da atualidade. Com obras incluídas no Plano Nacional de Leitura e a residir em Espanha, o autor é um ibero-americano que encarna de forma evidente e por mérito o sentido iberista do Prémio. Excelente reconhecimento.

Luis Baptista-Martins

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