Publicou esse jornal, na semana passada, uma entrevista com o senhor vice-presidente da Câmara de Trancoso onde, entre outras coisas, era defendida a tese de que o acesso de Vila Franca das Naves à auto-estrada (IP2) foi feito integralmente sobre uma estrada municipal por causa de uma «proposta» de estudo de impacte ambiental que poderia chumbar o projecto de construção inicialmente previsto. É óbvio que o senhor vice-presidente mais não fez do que tentar justificar o injustificável. Estranha-se que tenha de ser ele a vir à praça pública a defender os interesses que outros têm a obrigação de explicar, mas como não o podem fazer por falta de argumentos sérios, empurra-se o senhor vice-presidente para dar a cara com um argumento absurdo e intelectualmente desonesto: uma proposta de estudo de impacte ambiental. Naturalmente outra coisa seria se tivéssemos a falar efectivamente de um estudo feito e que definisse o chumbo à construção de uma nova via. E mesmo que houvesse um estudo de impacte ambiental nesse sentido a obrigação da autarquia era defender o interesse público e contestá-lo, demonstrar que estava errado, o que não podia fazer era aceitar uma solução como a que foi implementada, em que uma estrada com tráfego acrescido, e de que maneira, tem habitações cuja entrada é separada da via por centímetros, nem um passeio construíram por falta de espaço. Para lá do perigo que representa, a solução é castradora da mobilidade com segurança e rapidez que, supostamente, uma obra nova e de acesso a uma auto-estrada deve ter, como se pode perceber na sequência de imagens que se juntam. É público e irrefutável a falta de interesse público na forma final do acesso; é público e irrefutável o interesse privado e os ganhos que esta opção irá permitir a alguns. Quando houver acidentes alguém ficará com o peso na consciência. Se a tiverem. Entretanto devem envergonhar-se ao sair à rua, pois toda a gente percebe o que norteou a decisão.
Luís Pires
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