Iniciamos, aqui e agora, uma crónica periódica sobre temas da actualidade política.
Não vimos com a pretensão de sermos donos da verdade absoluta apenas e tão só a nossa, e só a nossa forma de ver qualquer tema, sem ameias presas ao conformismo ou ao quer que seja mas, isso sim com o direito e o dever de ideológica e politicamente comprometidos com um projecto.
Hoje queremos falar do 5 de Outubro!!!
Todos os anos, os políticos se juntam no dia 5 de Outubro, na Praça do Comércio, em Lisboa, para ouvirem os discursos de conveniência e de circunstância que o Presidente da República, de serviço, preparou para o efeito.
Este ano não foi diferente.
Cavaco Silva, Presidente da República falou para uma plateia, na qual alguns dormitavam, vá-se lá saber se pelo interesse do discurso, se pelo sol do Outono, ou mesmo por uma noite mal passada.
Mas que houve gente vip a passar pelas brasas, houve, que a televisão mostrou.
Mas, vamos ao importante – o discurso!!!
Para nós este discurso, mais importante que o das vacas e do robot, vai ser motivo de muita análise.
Cavaco Silva quis, mais uma vez, mostrar serviço.
Só que, tal como aconteceu em plena época canícula, no célebre discurso sobre a autonomia dos Açores, Cavaco perdeu oportunidade e, principalmente falhou no destinatário.
Num discurso que deveria servir para os Portugueses ficarem a saber mais e mais da sua vida, Cavaco optou por chamar à pedra o Governo do País e, principalmente, o primeiro-ministro, Sócrates.
Quer os analistas políticos queiram, quer não o desejem, Cavaco quis mostrar aos Portugueses que está preocupado com a situação social, financeira e económica do País, só que, ficou-se pela intenção.
Não é de hoje a crise nem se deve apenas a factores exógenos, ela está instalada há muito e tem causas estruturais que remontam a tempos idos onde o próprio Cavaco, tem a sua dose de culpa.
Mas, isso não importa dissecar pois o céu pode cair e acordar muitas consciências.
Cavaco Silva no seu discurso apelou aos políticos para não iludirem os Portugueses, sobre as várias crises que assolam o nosso País.
Muito bem!!!
Mas, o senhor Presidente só agora se deu conta da crise???
Grave, muito grave!!!
Anda mesmo muito distraído e/ou muito mal assessorado.
A crise não é só de agora, já nos acompanha há muito tempo.
E, é múltipla e multidisciplinar.
O que também se estranha é o senhor Presidente não ter denunciado, claramente, o personagem que mais tem contribuído para a ilusão da crise. Ou seja, o ilusionista do reino, José Sócrates.
Teria sido de toda a conveniência política e rigoroso na sua análise, se o senhor Presidente tivesse sido claro, transparente e não iludisse.
Mas, dizer toda a verdade pode não ser muito correcto politicamente.
Pois então!!!
Já agora, não é o senhor Presidente que reúne semanalmente com o primeiro-ministro???
Não falam da crise???
Será que as reuniões são apenas pretexto para o tea time para saborearem uns pastéis de Belém?
A ser assim, muito mal vai este País, senhor Presidente, necessitar de dizer o que deve ser dito ao primeiro-ministro perante os Portugueses!!!
Sinal de fraqueza ou de afirmação perante a crise?
Por: Jorge Noutel, Deputado pelo Bloco de Esquerda na Assembleia Municipal da Guarda