Arquivo

Nunca aceitaremos que nos atirem areia para os olhos*

Face ao teor da notícia publicada na última edição de O INTERIOR, titulada “Administração do Hospital da Guarda dá razão a médicos”, vimos, na qualidade de subscritores de documentos citados na referida notícia, esclarecer o seguinte:

O presidente da administração da ULS, Dr. Fernando Girão, anunciou publicamente a criação de um Centro de Recursos e Gestão do Conhecimento (CRGC), do qual não fazia parte qualquer médico! (…)

Apurou-se posteriormente que a directora clínica, e por inerência membro do Conselho de Administração, Dra. Adelaide Campos, também ela médica, não tinha sido ouvida nem achada acerca de tal decisão. Não fica isenta de significado a posição assumida por esta médica, no sentido de que tudo se resumiu a «um lapso processual», para mais escudando-se no óbvio, a saber, que «os médicos têm que estar representados e isso não tem sequer discussão e penso que nunca teve». Ficam por conhecer as iniciativas e posições (e respectivos resultados…) que a Dra. Adelaide teria tomado individualmente caso não tivessem sido os médicos da ULS a levantar e a conduzir esta lebre…

Ficámos portanto a saber que há decisões “da administração” da ULS que são tomadas sem conhecimento de elementos que integram essa mesma administração e que, posteriormente, esses elementos – em nome de uma qualquer solidariedade que apenas eles poderão explicar – vêem publicamente desculpabilizar os erros que, em privado, não se cansam de criticar.

(…) O argumento invocado pelo presidente da administração, da necessidade de «alguma urgência» na criação do CRGC, alegadamente porque se estavam a esgotar os prazos para apresentação da candidatura ao POPH e também ao INTERREG, pouco ou nada nos tranquiliza, sabendo nós que a ULS foi criada há mais de 100 dias. Por outro lado, não conseguimos vislumbrar o que tem uma coisa a ver com a outra (…)

Tudo isto remete para um problema mais profundo e preocupante: o amadorismo e a ligeireza com que certos assuntos continuam a ser tratados em muitas instituições públicas deste país, de que é exemplo esta ULS.

A ausência de linhas estratégicas claras e de metodologias bem definidas, em parceria activa com os profissionais que sempre se dispuseram a colaborar, é talvez o aspecto mais preocupante deste infeliz incidente.

Não seremos fundamentalistas, nesta ou em qualquer outra matéria, mas nunca aceitaremos que nos atirem areia para os olhos. A nós ou aos leitores do jornal.

*Título da responsabilidade da redacção

António Matos Godinho, António Pissarra da Costa, Henrique Fernandes e Joana Vedes, médicos da ULS da Guarda

Sobre o autor

Leave a Reply