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Número de detenções por violência doméstica aumentou no distrito

PSP e GNR já registaram 311 crimes do género desde o início do ano, quando em 2015 tinham sido contabilizados 404 casos na região da Guarda

O ano ainda não terminou e o número de crimes de violência doméstica ocorridos no distrito da Guarda já vai longo. Desde o início de 2016, até 27 de novembro, o Comando Territorial da GNR registou 246 crimes e o Comando Distrital da PSP contabilizou, até 30 de outubro, 78 ocorrências. Embora estes sejam números que não orgulhem ninguém, parece verificar-se uma redução comparativamente a 2015, ano em que a GNR registou 311 crimes e a PSP 93.

A O INTERIOR a GNR disponibilizou ainda o número de detenções que, só entre 1 de janeiro e 27 de novembro, aumentaram comparativamente a 2015, quando tinham sido registadas nove. Este ano já foram detidas 13 pessoas por violência doméstica e destas, nove foram detidas por violência contra o cônjuge ou análogos. Embora este seja um problema cada vez mais debatido e contestado pela sociedade, o número de acusações por este crime deduzidas pelo Ministério Público (MP) aumentou 19 por cento entre o ano judicial de 2014/15 e o de 2015/16, apesar do número de inquéritos iniciados tenha diminuído 6 por cento. No dia em que se assinalou o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, na passada sexta-feira, a Associação Portuguesa de Apoio à Vítimas (APAV) divulgou que entre 2013 e 2015 chegaram, por dia, em média, 49 queixas à associação. Na maioria feitas por «mulheres jovens envolvidas em relações muito violentas».

Só neste período a APAV registou 22.387 processos de apoio a vítimas de violência doméstica, que se traduziram em 54.031 factos criminosos. Do total de casos apoiados, 85,46 por cento eram mulheres e 13,03 por cento diziam respeito a homens. Segundo o assessor técnico da direção da APAV, Daniel Cotrim, apesar dos «números elevados», «as pessoas estão mais sensibilizadas para a denúncia», o que se pode dever às constantes campanha de sensibilização que têm sido levadas a cabo. Um sinal de mudança é também a idade das vítimas: 39 por cento tem entre 26 e 55 anos, pelo que se pode entender que as denúncias de maus tratos chegam mais cedo. «A relação abusiva dura muito menos tempo», no entanto, lamenta o psicólogo, «são relações altamente violentas».

O agressor por norma tem entre os 26 e os 55 anos, empregado, e em muitos casos não está associado ao consumo de álcool ou qualquer outro tipo de adição e é na casa comum que ocorrem a maior parte dos crimes de violência. Há ainda outro dado algo preocupante, já que apesar do número de vítimas que pedem ajuda à APAV, quase metade não chega a apresentar queixa junto das autoridades.

Ana Eugénia Inácio No ano judicial 2014/2015 o número de acusações deduzidas pelo Ministério Público aumentou 19 por cento relativamente ao ano anterior

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