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Novo regulamento para o comércio divide proprietários de bares

Estabelecimentos de diversão nocturna com horários mais alargados na Covilhã

A partir deste mês, os bares e as discotecas da Covilhã vão poder fechar mais tarde graças ao novo Regulamento Municipal dos Períodos de Abertura e Funcionamento dos estabelecimentos comerciais do concelho, que já entrou em vigor após ter sido publicado em “Diário da República” a 25 de Setembro.

Os noctívagos poderão permanecer assim em alguns bares até às quatro da manhã, ao invés das habituais duas horas. É o exemplo do “Birras Bar”, perto do pólo do “Ernesto Cruz” da Universidade da Beira Interior, onde os clientes poderão permanecer agora na pista de dança até às 3h30 da madrugada, com mais meia hora de tolerância para poderem acabar de beber e sair do bar. Depois dessa hora, apenas a discoteca “& Companhia” pode ter as portas abertas até às seis horas. «O novo regulamento é uma mais valia», diz a “O Interior” Carlos Boavida, proprietário do “Birras”. O empresário confessa mesmo que antigamente «preferia ser multado e estar com o bar aberto até mais tarde do que fechar às duas da manhã», tendo em conta que muitos dos seus clientes habituais apenas costumam chegar a partir da uma da manhã, por ocasião da Festa Africana às sextas-feiras, a noite mais movimentada naquele espaço. Para este empresário da noite, o novo regulamento vem ainda estabelecer a igualdade entre os bares com características semelhantes, sendo que não havia qualquer cumprimento de horários: uns ficavam até às quatro ou seis da manhã e outros apenas até às duas horas.

Lino Torgal, ex-proprietário do “Bar Armazém” e futuro explorador do franchising “Amo-te Covilhã”, que abre a 22 de Outubro, também considera o regulamento «equilibrado» para os bares da Covilhã. Apesar de tudo apontar para o licenciamento até às quatro da manhã, o empresário afirma que vai tentar manter o bar aberto até às seis horas ao fim-de-semana. «Há muitos turistas nessa altura», justifica, para além de querer seguir as pisadas da Telepizza e manter o “snack” do seu espaço até ao raiar do dia. Mas há também quem discorde deste novo regulamento municipal. Para Francisco Carriço, proprietário dos “Sons e Sabores”, os bares apenas deviam fechar quando saísse o último cliente. «Acho que neste país está tudo mal e era bom que os políticos tomassem consciência do que acontece noutros países mais evoluídos», considera, acreditando que as cidades apenas «são evoluídas se a noite também o for». Daí classificar o novo regulamento como uma «falta de respeito» para quem trabalha na noite. «É o movimento da noite que dá projecção às cidades desenvolvidas», explicita.

O regulamento divide os estabelecimentos comerciais em sete grupos com horários alargados. O primeiro grupo, onde estão incluídas lojas de actividades diversas, pode funcionar até à meia-noite ao invés das habituais 19 ou 20 horas. Um alargamento que fica ao critério dos comerciantes, consoante os seus interesses ou disponibilidade. A única excepção neste grupo vai para os salões de jogos (que continuam a encerrar à meia-noite) e para os espaços cibernéticos, que passam a fechar à meia-noite em vez das duas da manhã. Num segundo grupo estão incluídas adegas, cafés, churrasqueiras, cervejarias, padarias e estabelecimentos similares, que passarão a estar abertos das 6h00 às 2h00. As discotecas e “night clubs” (inseridos no grupo III) passarão a fechar às seis da manhã, enquanto que os bares com salas ou espaços destinados à dança e os pubs (grupo IV) passarão a funcionar até às 3h30. Um alargamento de horário que se justifica pelo facto da Covilhã ser «a cidade mais próxima do maciço central da Serra da Estrela, com uma grande componente turística e por onde existe numerosa população universitária. Serão ainda permitidos horários excepcionais quando se realizarem eventos importantes para a cidade e para a região.

Liliana Correia

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