O Turismo de Portugal quer fazer na Guarda a primeira escola de hotelaria especializada em saúde e bem-estar, que deverá abrir em 2013 num Hotel Turismo renovado e que implicará um investimento de 10 milhões de euros. Um ano após a autarquia ter decidido vender o edifício ao organismo do Estado, as partes assinaram a escritura de compra e venda na passada sexta-feira.
O objetivo é criar um hotel-escola para preencher «as necessidades formativas que existem nos distritos da Guarda e Viseu», disse Luís Patrão. O presidente do Turismo de Portugal justificou a decisão com o facto da Guarda ter sido a primeira cidade bioclimática ibérica e por haver carência de formação de «alto nível e apropriada» em termas e spas no nosso país. Destacou também a parceria com o IPG, «que já detém competências em matéria de formação superior nas áreas da Gestão do Turismo e da Saúde», e o «centro de especialização técnica a nível nacional» que surgirá da reconversão do histórico hotel. A 17ª escola do Turismo de Portugal terá capacidade para acolher entre 200 a 250 alunos, que serão profissionais em exercício e jovens candidatos, que poderão pôr em prática os conhecimentos teóricos no hotel, com 30 quartos, e restaurante de aplicação incluídos no projeto. Luís Patrão espera que a unidade abra portas no ano letivo de 2013/2014, devendo a empreitada ser lançada em 2012.
«O importante é o projeto que se vai iniciar. O grande passo está dado, vamos desenvolvê-lo», declarou, por sua vez, Joaquim Valente. O presidente da Câmara voltou a lembrar que o município «nunca quis ter um hotel» e que a escolha do Turismo de Portugal vai dar origem a uma «escola singular em termos de oferta formativa e que dará resposta ao desenvolvimento do turismo nesta região». Já o secretário de Estado do Turismo desvalorizou a existência de escolas desta área no Fundão, Manteigas e Seia, dizendo que «o importante é estabelecer parcerias». Bernardo Trindade acrescentou que o turismo é «uma das respostas para contrariar a desertificação» e sublinhou que o nível de empregabilidade destas escolas «ronda os cem por cento».
O hotel foi adquirido por 3,5 milhões, tendo sido pagos à autarquia 400 mil euros aquando da assinatura do contrato promessa de compra e venda e mais 1,3 milhões na última sexta-feria com a escritura. O restante, cerca de 1,7 milhões, será liquidado até 28 de Fevereiro de 2012. No futuro, o novo proprietário vai gastar 10 milhões de euros na obra e equipamento, montante comparticipado em 70 por cento pelo QREN. Bernardo Trindade rumou depois à Covilhã para se inteirar da empreitada da Pousada da Serra da Estrela, que custará cerca de 13 milhões de euros, na sua maioria provenientes de fundos comunitários.
Candidatos trocam acusações
Manuel Meirinho, cabeça-de-lista do PSD pelo círculo da Guarda, considerou a cerimónia de escritura de compra e venda do Hotel Turismo um ato de «propaganda eleitoral». O candidato criticou ainda a autarquia por ter vendido o edifício por 3,5 milhões de euros «sem qualquer concurso ou consulta pública» e «preterido a venda a privados» por quatro milhões. «Como pode compreender-se que o Governo, com o país em pré-bancarrota e em vésperas de eleições legislativas, assuma um encargo de 3,5 milhões de euros, quando não tem recursos para apoiar os desafortunados desempregados da Delphi?», denunciou. A resposta coube a Paulo Campos. Antes da cerimónia, o cabeça-de-lista socialista acusou os sociais-democratas de estarem «sistematicamente contra tudo o que é bom para a Guarda», considerando que o projeto subjacente a este negócio «é importante para a cidade e para o distrito». Nesse sentido, o candidato sublinhou o facto do IPG «trabalhar com o Turismo de Portugal para adequar a formação nesta escola». E negou a acusação de propaganda eleitoral, ao afirmar que «o país não pode estar parado, tem que resolver os seus problemas».
Luis Martins 
