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Novo Hospital ou “Fábrica de Álibis”

A polémica quanto à localização do NOVO HOSPITAL continua na ordem do dia. O último elemento introduzido no “diálogo de surdos” que se tem gerado foi o hectare de elástico.

Por princípio sempre defendemos a construção do Hospital Novo no actual Parque da Saúde, pelas razões que todos conhecem e que outros agora optaram por adoptar

Jamais assumimos esta posição apenas e só pela razão do terreno agora escolhido politicamente pelo PSD da Guarda ter sido o mais caro de todos os propostos e, ao mesmo tempo, ter criado condições para fazer dele o mais especulativo. Neste momento, a ideia de que a escolha do terreno do Torrão para construir a nova unidade de saúde se destina apenas a inviabilizar o projecto, ganha cada vez mais força. Isto, apesar de todos considerarem que é imperativo dar corpo a este projecto. São os utentes que dele carecem e são os profissionais do Sousa Martins que o merecem. Só a abnegada dedicação e qualidade dos recursos humanos existentes tem feito esquecer e também suprido as carências físicas do edifício.

No debate público havido recentemente na Guarda sobre a temática da localização do Hospital Novo sobressaem alguns aspectos que merecem referência. Uns hilariantes e outros nem tanto. Uns de inexactidão e outros de contradição. Mas todos eles dignos de registo. Depois de ouvidas tantas e tão divergentes informações quer sobre a área disponível no Parque da Saúde, quer sobre a sua área total, somos levados a concluir que o hectare (ha), medida agrária, correspondente a 10.000m2, sobejamente conhecida, perdeu o seu carácter universal e passou a ser aquilo que cada um quer que seja, de acordo com o momento e a oportunidade.

Isto levanta um conjunto de questões e dúvidas sobre as informações dadas e pretensamente comprovadas através de documentos cartográficos:

a) Ou existe ignorância por parte de quem se referiu às áreas e apresentou os documentos;

b) Ou existe má fé e as informações foram prestadas de forma fraudulenta à população com a única intenção de defender esta ou aquela posição;

c) Ou, como nos tempos que correm já nada nos espanta, o local foi medido com um qualquer metro de elástico. Uns esticaram mais do que os outros e deu no que deu.

Ressalta também do debate, em função de documento oficial apresentado e emanado do Ministério da Saúde, que, afinal, o assunto da localização do Novo Hospital não é ainda processo encerrado, como afirma o PSD-Guarda. Perante tanta contradição, afinal quem é quem neste processo?

Por questões de natureza sentimental ou racional, ou pelas duas no conjunto, certo é que a maioria da população e forças vivas do concelho querem o Hospital Novo na cerca do Sousa Martins. Por questões de natureza pessoal e política, só o PSD pensa de forma contrária. Segundo intervenção da distinta Administradora do Hospital da Guarda, ficámos a saber que a dimensão do futuro Hospital (??) assentará numa base de 300 camas. Segundo a Dra. Isabel Garção, com a autoridade que se lhe reconhece nesta matéria, a evolução na prestação dos cuidados de saúde tem levado a que os períodos de internamento sejam cada vez mais curtos, sendo a assistência médica feita maioritariamente em regime ambulatório.

O actual Hospital comporta cerca de 400 camas, mesmo assim a sua área de implantação não é de 8 ha (80 000m2)!!! Está, isso sim, inserido numa área consideravelmente superior que contempla jardins, parque arbóreo, estacionamento, acessos e vias de circulação. Podemos assim antever que o novo edifício (???) venha a ter uma área de implantação pouco superior à do velhinho Sousa Martins, podendo beneficiar também ele de todas as infra-estruturas existentes no espaço envolvente e que já servem as actuais instalações. Quando se fala em 80.000m2 (8ha) para um Novo Hospital, estamos a contemplar nessa área infra-estruturas de que dispõe desde já o Parque da Saúde. Provavelmente, para implantar o edifício necessitaremos de cerca de 20 a 25% da área total, que tanta polémica tem permitido.

Segundo dados fidedignos, dispor-se-á, dentro da cerca, de um espaço disponível próximo dos 67.000m2 (6,7ha). Sem demagogias nem falsos golpes, aproveitando o espaço com rigor técnico, talvez tenhamos lugar para conciliar a construção do Hospital Novo com a do Novo Centro de Saúde. Sendo a zona das antigas lavandarias o espaço com maior aptidão para receber o novíssimo edifício, dispomos só aí, de acordo com a planta sem escala facultada pelo Senhor Administrador Delegado do Hospital, de uma área aproximada de 50.000m2!!!!

50.000m2 (5 ha) são suficientes para implantar um mega edifício que não se enquadra no proposto para a Guarda!!! Para Nordeste, ainda fica disponível uma considerável área, apenas interrompida pelo edifício da Psiquiatria. Esta valência será previsivelmente encerrada e transladada para o novo equipamento pelo que a opção de demolição será a mais acertada para disponibilizar o terreno para serviço da nova unidade de saúde.

Na referida planta sem escala (!!!), fornecida por um alto responsável da Administração do Hospital, está inserido, em montagem apressada, o Novo Centro de Saúde. Pelos vistos “todos os meios são legítimos para atingir os fins”. Até inutilizar uma área de cerca de 50.000m2 (5ha) para construir um Centro de Saúde para o qual um hectare talvez seja espaço excessivo. Facilmente podemos concluir das razões de tal montagem. Foi esta a forma de, em definitivo, o PSD da Guarda impedir a utilização da Cerca para o Hospital Novo. Se este crime for cometido, o povo sabê-lo-á julgar.

A falácia e a demagogia barata têm afastado da Guarda, não só os hospitais, mas muitos outros investimentos e investidores! Antevejo que os tão falados terrenos para o Hospital, apenas venham a servir para “cemitério de palavras vazias” ou melhor ainda, para “fossa séptica de dejectos políticos”! O Novo Hospital da Guarda jamais será uma unidade de cuidados de saúde:

É, desde já, uma autêntica “fábrica de ilusões” para todos quantos amam esta terra e continuam a lutar por ter melhores condições de vida no interior.

É uma “fábrica de contradições” para aqueles que, cegamente, apenas são movidos por interesses pessoais.

É uma “fábrica de álibis” para aqueles cujo futuro político está irremediavelmente “colado” a um Hospital real.

O NOVO HOSPITAL da GUARDA só será uma realidade se for implantado na crusta granítica desta cidade e não em meras e duvidosas declarações de intenção.

Vivendo já próximos do apelidado “calcanhar do mundo”, continuamos lentamente a deslizar para o “coxis” do País.

Joaquim Canotilho, dirigente do CDS/PP da Guarda

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