Os socialistas tinham avisado durante a campanha e cumpriram terça-feira. O Ministério da Saúde anunciou que o novo hospital da Guarda, incluído no programa das parcerias público-privadas lançado pelo anterior Governo, não integra o lote das cinco unidades que serão concretizadas. A tutela adianta, em comunicado, que «não foi possível encontrar um documento técnico escalonando as respectivas prioridades de construção» nos casos de Vila Nova de Gaia, Vila do Conde/Póvoa do Varzim, Guarda, Évora e Hospital Central do Algarve.
A ideia não é nova. Desde Janeiro passado que já se sabia da intenção do PS parar com as construções ao abrigo das parcerias público-privadas. As únicas excepções seriam os projectos cujos concursos estavam a decorrer em Loures, Cascais e Braga. Para a Guarda voltou a defender-se a recuperação do Plano Director, elaborado no tempo de Correia de Campos, que estipula a requalificação e adaptação dos velhos edifícios do antigo sanatório. Um mês depois, no comício realizado na cidade, o candidato José Sócrates prometeu que se o PS fosse Governo iria apostar na requalificação do Hospital Sousa Martins. «Com franqueza, andaram três anos a arrastar os pés, para a frente para trás, a prometer um hospital novo e passados de três anos nada está feito», afirmou o futuro primeiro-ministro. Lida a sentença, restava aplicá-la, mas a decisão motivou reacções opostas no seio da classe política local. Álvaro Guerreiro, presidente da Câmara da Guarda, considera ser esta a prova de que o Governo anterior «ludibriou» os guardenses durante três anos quando prometeu um novo hospital.
«É por não haver nenhum estudo que a unidade não está incluída nestes cinco», constata, anunciando que vai reunir amanhã com Correia de Campos para discutir o futuro do hospital. Contudo, o autarca não duvida que o actual Executivo «vai cumprir a promessa» de requalificar o Sousa Martins. Igualmente crítico, o coordenador distrital do PCP lamenta contudo aquilo que qualifica de «má notícia» para o distrito. Lembrando as promessas «sucessivamente adiadas» dos últimos executivos nesta e noutras áreas, João Abreu acha que a opção «vem no seguimento de uma política contínua de discriminação negativa da Guarda e é um mau indicador para o futuro». Já Ana Manso, líder do PSD, disse-se «chocada» com a decisão: «Toda a gente sabe que há estudos e planos que sustentam a necessidade de um projecto de raiz na Guarda», sublinha. Assim sendo, a também deputada e vereadora do município acusa Correia de Campos de apresentar «desculpas de mau pagador» quando se trata de uma capital de distrito e de um dos hospitais mais antigos do país. Ana Manso receia mesmo que as obras de beneficiação a realizar sejam «insuficientes em termos do conforto dos utentes e das condições de trabalho dos profissionais de saúde», referiu.
Luis Martins