O empresário António Lopes, que adquiriu recentemente o imóvel da Garagem de S. João, comprometeu-se a pagar 60 mil euros do seu bolso para indemnizar os trabalhadores daquela empresa, que encerrou as portas em Março do ano passado.
A decisão foi anunciada pelo próprio a “O Interior”, após uma reunião com o sindicato para resolver a situação de onze trabalhadores. Segundo afirma, e depois da conversa com aquela estrutura, estes serão apenas os trabalhadores com direito a receber indemnizações, visto que muitos já foram ressarcidos dos seus direitos.
A polémica à volta da Garagem de S. João aconteceu na última sexta-feira, altura em que o Sindicato dos Metalúrgicos reuniu às portas do edifício com meia dúzia de trabalhadores para denunciar um alegado «incumprimento da lei», nomeadamente salários e subsídios em atraso, às cerca de duas dezenas de pessoas que ali trabalhavam, alguns com mais de 30 anos, nas oficinas “Imaibel” e “C.A. Pintura e Bate Chapas Lda”. Luís Esperança, dirigente sindical, colocou ainda «sérias dúvidas» sobre o processo de transferência do imóvel e das oficinas, propriedade de António Carvalho, para Francisco e Sílvia Antunes em 2001. «Mantiveram-se como patrões até ao final de 2003, altura em que abandonaram as firmas e deixaram de pagar salários e subsídios aos trabalhadores», acusou, questionando ainda os contornos do acordo que fez com que apenas o edifício retornasse para as mãos do antigo dono, António Carvalho. Como o imóvel foi vendido recentemente por dois milhões de euros, o sindicato exige «justiça», tanto mais que os «bens de valor» das oficinas desapareceram, acusa.
Embora não tendo responsabilidades directas neste problema, uma vez que apenas comprou o imóvel, António Lopes assegurou o seu «empenho» para arranjar a verba para os trabalhadores, caso estes não aceitem a sua proposta. E isto porque não faz parte da sua «filosofia de vida» não resolver os problemas dos negócios em que está envolvido. «Se dou dinheiro ao Sporting da Covilhã para a compra da sede, para o rancho folclórico de Unhais da Serra e para outras entidades, não poderia deixar famílias nesta situação», esclarece. E o empresário descansa os trabalhadores, ao assegurar que os bens das oficinas estão a cargo do liquidatário judicial. António Lopes, natural de Unhais da Serra, ex-mineiro da Panasqueira e actualmente um dos empresários mais conceituados da região, comprou o edifício a António Carvalho por dois milhões de euros e prevê gastar ali mais «um milhão de euros» na sua remodelação para um estabelecimento comercial e escritórios. O projecto contempla ainda no último piso restaurantes e cafés com vista panorâmica para a Serra e Cova da Beira. O piso inferior será destinado a estacionamento, estando o empresário ainda em negociações para adquirir o terreno adjacente nas traseiras da Garagem.
Liliana Correia
