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Novas Dollys

mitocôndrias e quasares

Em 2006 foi assinalada a primeira década do nascimento da ovelha que ficou conhecida para o mundo com a “ovelha Dolly”. Aparentemente o nascimento de um mamífero por mais mediático que seja passa rapidamente ao anonimato (veja-se o exemplo dos porcos que nasceram no reality show televisivo). Contudo, a importância da Dolly deve-se ao facto de ter sido o primeiro mamífero clonado a partir de uma célula adulta, neste caso da glândula mamária de uma outra ovelha de quem a Dolly foi um “clone”. O nome desta ovelha famosa foi uma homenagem a uma conceituada cantora de música “country”, conhecida pelo tamanho das suas próprias “glândulas mamárias”.

O nascimento da ovelha gerou um enorme debate científico, ético e politico num largo espectro da sociedade civil acerca das implicações que uma tecnologia como a clonagem poderia trazer. Os conceitos de clonagem e clone passaram a fazer parte do vocabulário dos cidadãos.

Apesar de toda a discussão que envolveu esta temática, que em muitos casos culminou com uma produção legislativa muito restritiva da utilização desta técnica de reprodução, nos anos seguintes muitos cientistas anunciaram ao mundo o nascimento de novos clones de animais.

Um dos cientistas que mais se destacou na utilização desta tecnologia foi o sul-coreano Woo Suk Hwang, que ficou conhecido por ter sido o primeiro investigador a clonar um cão, o Snuppy, em 2005. Também ficou conhecido como o primeiro investigador a falsificar os resultados de uma clonagem de embrião humano em 2004, o que levou as autoridades sul-coreanas a proibir temporariamente a investigação com células estaminais.

Na última semana este investigador foi novamente notícia, uma vez que dois cientistas da sua equipa de trabalho anunciaram a clonagem de dois lobos. Os cientistas informaram que os animais estão a desenvolver-se com toda a normalidade.

Tratando-se de mais um avanço científico ao nível da genética, esta tecnologia pode ser importante para a fauna mundial na medida em que pode permitir a conservação de espécies que actualmente estão ameaçadas de extinção.

O Lobo é uma espécie que tem visto a sua população diminuir drasticamente ao longo das últimas décadas. Desde os últimos censos realizados em 1998, há registo da presença de lobos em apenas 43 países, sendo que em 17 por cento destes, o número de animais está a diminuir, sendo que em Portugal apenas foram registados a presença de 300 animais.

A clonagem destes animais, se se verificar efectiva, abre uma janela de oportunidade para preservar a fauna em vias de extinção. Contudo, tal como aquando do aparecimento da Dolly, muitas questões éticas vão ser debatidas e analisadas, partindo todas elas de uma ideia central: deve o ser humano, mesmos para preservar outras espécies, interferir no normal funcionamento do planeta?

Por: António Costa

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