Arquivo

Nova esquadra da PSP é prioridade na Guarda

Figueiredo Lopes criticou opção tomada em 1999 e espera ter uma solução até ao final do ano

O ministro da Administração Interna (MAI) considerou terça-feira na Guarda que a solução proposta pelo anterior Governo para a construção dos novos quartéis da PSP e da GNR na cidade foi «mal planeada» e conduziu «à maior complexidade» que alguma vez diz ter visto em termos de planeamento de instalações. «Colocaram-se as duas questões dependentes uma da outra e nenhuma foi resolvida passados cinco anos», constatou Figueiredo Lopes, anunciando que vai dar prioridade ao comando e esquadra da PSP para as quais espera ter uma solução até ao final do ano.

Depois de visitar as instalações em causa, onde verificou estar «praticamente esgotado» o seu potencial de adaptação, o governante lamentou o protocolo celebrado em 1999 que fazia depender a PSP da construção do novo quartel da GNR, «porque não houve coragem para resolver o problema ou porque se tinham outras expectativas que foram goradas». Uma opção de que discorda claramente por considerar que «não se pode continuar a adiar soluções por elas terem sido mal planeadas». Nesse sentido, o quartel da GNR vai deixar de ser um «impedimento» à construção das novas instalações da PSP da Guarda, actualmente no edifício com mais de 100 anos do Governo Civil. Em alternativa, admite que o projecto pode passar por uma construção de raiz, mas prefere dizer por enquanto que tudo dependerá da cooperação da Câmara da Guarda na aplicação das soluções «mais rápidas» que o MAI vier a propor. Contudo, Figueiredo Lopes espera poder ter uma nova sede da PSP «aprovada e lançada» durante 2005, um trabalho a desenvolver «dentro dos recursos de que dispomos, pois, ao contrário do que se vivia em 99, há hoje um forte aperto no investimento do Estado», ressalvou no final de uma prolongada jornada de trabalho em que visitou as instalações em causa, reuniu com os autarcas do distrito e com os responsáveis das forças de segurança e protecção civil.

Mais meios para os bombeiros

Neste cenário, o projecto da GNR vai passar para segundo plano e será ainda alterado para poder albergar as «soluções diferentes» decorrentes das novas valências e necessidades da Guarda Nacional Republicana. Uma alteração que, contudo, não vai inviabilizar o protocolo de cedência de terrenos celebrado no final da década de 90 entre a autarquia e o MAI, que continua em vigor «na sua essência». Esta nova reviravolta no conturbado processo de construção dos novos comandos e esquadras das forças policiais da cidade, que se arrasta há duas décadas, foi o ponto central da visita do ministro da Administração Interna à Guarda na última terça-feira. Uma ocasião também aproveitada pelo MAI para reiterar que tem havido um «esforço grande» de apoio ao reequipamento e apetrechamento das corporações de bombeiros do distrito, nomeadamente com viaturas de desencarceramento e de combate a fogos florestais. De resto, Figueiredo Lopes anunciou que no próximo dia 13 será apresentado o dispositivo nacional de combate aos incêndios para o próximo Verão. O Governo volta a apostar no reforço dos meios aéreos e dos grupos de reforço rápido que irão ser mobilizados, mas vai introduzir outras novidades, como o pré-posicionamento de equipamentos pesados (auto-tanques, máquinas de rasto) nas áreas de maior risco e a criação de uma «espécie de estado-maior» que vai apoiar os coordenadores distritais do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC).

Um gabinete de crise que vai ser composto por um delegado da Direcção-Geral de Florestas e um comandante de bombeiros que fará o apoio ao coordenador na ligação entre os diversos meios no terreno para que «não haja atrasos na resposta e atrapalhação, porque isso também aconteceu no ano passado», admite Figueiredo Lopes. Quanto aos atrasos no pagamento das despesas das últimas épocas de incêndio, o ministro esclareceu que o SNBPC é actualmente «mais exigente» na justificação das despesas e na documentação das viaturas. «Não pode acontecer mais que as viaturas tenham sido reparadas e que as facturas não apareçam ou que os carros tenham sido dados como perdidos quando nem sequer há registo delas por falta de documentos», exemplificou. Outro ponto da agenda do governante dizia respeito à análise da criminalidade em 2003. Contudo, a Guarda é o distrito onde o aumento foi menor relativamente à média nacional. Por cá, registaram-se apenas 21 participações por mil habitantes quando no resto do país esse ratio foi de 38/mil habitantes. «A criminalidade que mais incomoda as pessoas na Guarda tem a ver com furtos e as ofensas corporais, tendo havido uma estagnação na mais violenta», disse.

Luis Martins

Sobre o autor

Leave a Reply