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Notícia “fecha” maternidade da Guarda

Coordenador da Comissão Nacional de Saúde Materna e Neonatal garante que ainda não há decisão, mas sugere entendimento entre os três hospitais da Beira Interior

Jorge Branco, coordenador da Comissão Nacional de Saúde Materna e Neonatal (CNSMN), desmente que o Ministério da Saúde já tenha decidido quais as maternidades que vão fechar. Em declarações a “O Interior”, o especialista que sucedeu a Albino Aroso naquela entidade garante que «não há rigorosamente nada» sobre o assunto, até porque a comissão ainda não elaborou a sua recomendação final. «O estudo vai decorrer até finais de Fevereiro e só nessa altura vamos decidir o caminho a seguir e com que critérios», garante, adiantando que qualquer decisão oficial só deverá ser tomada «entre Março e Junho».

O também director da maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, desconhecia a notícia do “Expresso”, do passado sábado, que dava como certo o encerramento do serviço de partos na Guarda. A fazer fé no semanário, o ministério só teria dúvidas entre a Covilhã e Castelo Branco para sediar a única maternidade que vai servir a Beira Interior. Uma eventualidade negada «terminantemente» por Jorge Branco, para quem o parecer da CNSMN vai ser fundamental para qualquer decisão. O médico reitera por outro lado que o número de partos não vai ser «o único, nem sequer o primeiro» critério a ditar o fecho destes serviços: «É apenas um factor, a par da segurança no parto para a mãe e para o bebé ou da distância entre as maternidades de uma certa zona. O número de especialistas presentes também, entre outros», garante. Outro argumento para ainda não haver decisão prende-se com o facto das três maternidades da Beira Interior não integrarem a primeira fase deste estudo. «Antes de sugerir uma determinada decisão, a comissão tem que ter uma ideia exacta dos interesses das populações quanto a uma eventual deslocação dos partos, pois estamos a falar da vida de parturientes e de recém-nascidos», acrescenta.

«Pessoalmente», Jorge Branco não deixa de recomendar um «entendimento» entre os hospitais da Guarda, Covilhã e Castelo Branco. «Os interesses das populações devem estar sempre acima das rivalidades», sublinha, admitindo que é isso que vai ser proposto e defendido no seio da Comissão Nacional de Saúde Materna e Neonatal. «Nós estaremos abertos a qualquer diálogo, pois sempre é melhor quando há um acordo prévio», insiste. Tanto mais que «não faz sentido» haver três maternidades relativamente perto umas das outras, pois o número de partos realizados é «diminuto», para além de haver falta de médicos e enfermeiros especialistas para responder às necessidades, argumenta o coordenador. Uma situação que não acontece na Guarda, cujo desempenho do serviço está «muito acima» de qualquer outra maternidade da Beira Interior, recorda a administração. O Hospital Sousa Martins realizou mais partos (851) em 2004 que o Pêro da Covilhã (650) e o Amato Lusitano (400), de Castelo Branco. Uma liderança que manteve no ano passado, permanecendo acima dos 800 nascimentos. A Guarda conta actualmente com uma equipa de Urgência Obstétrica completa e é o único serviço do interior que garante assistência em Neonatologia, com a presença de um pediatra em cada parto, dispondo igualmente de um anestesista em permanência.

Luis Martins

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