1.A Câmara Municipal da Covilhã recusou um pedido de subsídio efectuado pelo Centro de Apoio a Crianças e Idosos das Cortes, alegando dificuldades financeiras. Até aqui nada a apontar. Acontece que o presidente da direcção do referido centro é José Serra dos Reis, um dos vereadores da oposição, facto que altera substancialmente a normalidade da situação.
Antes de qualquer conclusão precipitada, é preciso verificar se os eventuais pedidos de outros centros também foram recusados. A ser assim, voltamos à normalidade da situação. Porém, tudo aponta para que se trate de mais uma atitude déspota muito em voga nas autarquias portugueses. No Porto, só para citar um exemplo, as associações que recebem apoios da Câmara são obrigadas a assinar um papel onde se comprometem a não criticar a acção da autarquia. Rica democracia!
Infelizmente, Covilhã e Porto são apenas dois exemplos da falta de cultura democrática vivida nas autarquias deste país. Com gente deste calibre, o poder local está condenado a afastar-se cada vez mais das populações.
2. O Tribunal de Contas vai passar a fiscalizar as empresas municipais. Isto significa que os gestores destas empresas, escolhidos muitas vezes com base na cor partidária e a receberem vencimentos principescos, passam a responder pessoalmente pelos seus actos de gestão. Trata-se de um passo em frente no sentido de tornar a política mais transparente, pelo que a medida merece todo o apoio.
3.Um olhar atento bastaria para confirmar a evidência, mas os habitantes locais confirmam-no: o Algarve tem mais turistas do que em anos anteriores. As ruas estão cheias, as praias repletas e os lojistas rejubilam com as vendas.
Porém, este cenário não coincide como os dados apresentados pelos hoteleiros que falam apenas num ligeiro acréscimo de turistas. A razão para esta divergência é simples: o aumento resulta da subida de turistas portugueses que se alojam sobretudo nos milhares de apartamentos particulares que, por escaparem ao controlo fiscal, têm preços bastante mais acessíveis do que hotéis e aparthotéis.
Independentemente do tipo de alojamento, a verdade é que os portugueses voltaram em força ao Algarve o que significa que Portugal saiu da crise, de acordo com a teoria de um antigo primeiro-ministro. Mas será bem assim? Não creio: a frequência dos restaurantes não corresponde à enchente que se regista e, segundo um promotor imobiliário, há famílias inteiras alojadas em pequenos apartamentos. Ou seja, as aparências iludem.
Por: João Canavilhas