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Notas soltas II

Menos que Zero

1. A Câmara da Covilhã vai obrigar os proprietários a recuperarem as fachadas degradadas dos seus imóveis. Trata-se de uma medida acertadíssima e que, aliás, já aqui reclamei várias vezes. Na verdade, não faz qualquer sentido que a Câmara tenha vindo a investir na recuperação de espaços públicos e na construção de infra-estruturas de lazer, enquanto persistem na cidade verdadeiras aberrações urbanísticas, como fachadas degradadas e edifícios em completa ruína. Esta medida da Câmara merece, por isso, o meu aplauso. Só espero que a Câmara salvaguarde as situações em que as rendas recebidas pelos senhorios são de tal forma baixas que não permitem a recuperação do imóvel.

2. Por esta altura do ano, os funcionários das Estradas de Portugal (antiga JAE) limpam o mato que ao longo do ano vai crescendo junto às estradas. Infalivelmente, esta limpeza põe a descoberto milhares de embalagens lançadas pelos automobilistas: garrafas plásticas, copos de iogurte, latas de bebidas e as mais diversas embalagens em papel são atiradas janela fora, sem qualquer respeito pelo meio ambiente. Ou seja, as campanhas de sensibilização não adiantam nada: a única forma de mudar atitudes é multar os selvagens que atiram lixo pela janela do carro e os donos de empresas que descarregam nas matas o lixo que acaba por servir de combustível aos incêndios.

3. Comemorava-se o Dia Internacional da Juventude, em Castelo Branco, quando um jovem lusodescendente pediu a palavra. Sem papas na língua, o rapaz destacou a incoerência governamental que é apelar à participação dos emigrantes de segunda geração na comunidade lusa, mas não apoiar convenientemente o ensino do Português nessas mesmas comunidades.

O secretário de Estado da Juventude ouviu e prometeu fazer chegar a mensagem ao respectivo Ministério. Com professores de Português no desemprego e gente a querer aprender a língua, só não se resolve o problema se não houver vontade política.

Por: João Canavilhas

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