O Dia Mundial do Rádio foi assinalado na passada terça-feira, 13 de fevereiro. Desde 2012 que esta data se constitui como oportunidade para assinalar a importância da radiodifusão sonora, quer como meio de informação, quer como agente de educação e cultura.
Este ano, a UNESCO dedicou o Dia Mundial do Rádio ao tema da “radiodifusão desportiva”. «A rádio é um instrumento muito eficaz para transmitir o entusiasmo dos eventos desportivos. É também um meio para veicular valores de fair play, de trabalho de equipa, de igualdade no desporto», escreveu a diretora geral, Audrey Azoulay; para além deste contributo, o Rádio tem hoje outros desafios.
O áudio digital, a inovação, estratégias e conteúdos radiofónicos foram as temáticas em destaque no Salão do Rádio que decorreu em Paris, nos finais do passado mês. Se a implantação da DAB+ mereceu especial atenção por outro lado foi reafirmada a convicção que o número de radiouvintes está a aumentar, em especial com a adesão dos escalões etários mais jovens.
Para Christopher Baldelli, um dos principais oradores, as principais questões que se colocam, atualmente, «são a mobilidade, a atratividade de voz, a qualidade do conteúdo». Um parêntese para lembrar que a radiodifusão sonora digital, ou DAB (Digital Audio Broadcasting), é uma norma de rádio digital desenvolvida pelo projeto Europeu Eureka 147; o DAB+ foi criado como parte do desenvolvimento contínuo do padrão DAB. Com o DAB+, a codificação de origem do áudio foi alterada: devido à maior eficiência do novo codec é possível integrar duas a três vezes mais canais de áudio para cada conjunto desta norma digital.
Assim, não é de estranhar que vários países europeus equacionem a evolução do áudio digital, a progressiva implantação do DAB+ e o «desenvolvimento de recetores digitais em dispositivos móveis e domésticos», numa caminhada temporal onde não está ainda muito nítido o eventual fim da frequência modulada (FM). O DAB permite que numa frequência possam ser sintonizadas várias estações de rádio, oferecendo um som com melhor qualidade, a par de uma maior estabilidade em termos de sintonia.
Contrariamente ao que alguns possam pensar, Portugal teve já em funcionamento a rádio digital; recordemos que em 1998 a Radiodifusão Portuguesa (RDP) iniciou a montagem de uma rede de emissores DAB, inicialmente para cobrir a grande Lisboa e depois para alargar a parte do território nacional; treze anos depois, considerando os custos de manutenção e uma reduzida percentagem de interessados, o sistema foi desligado.
A Noruega foi o país que mais avançou na cobertura e na oferta digital, acompanhada pela Suécia e Dinamarca. Atualmente, vários países têm vindo a fazer testes e a assegurar emissões DAB+ em zonas circunscritas; contudo, como se viu no recente Salão do Rádio, o assunto volta à agenda do futuro da radiodifusão sonora e certamente estará de novo em destaque em 2019, altura em que Espanha e Portugal serão os países de honra do Salão do Rádio em Paris.
Refira-se que o DAB(+) não é o único sistema presente no mundo, havendo igualmente o DRB (Digital Radio Mondiale), o DMB (Digital multimedia broadcasting) e HD Radio, este último utilizado sobretudo no continente americano.
A rádio que hoje pode ser escutada por via hertziana, online ou através da TV, não pode descurar o caminho que conduzirá, igualmente, à sua transmissão digital. Há, entretanto, a necessidade de uma atenção permanente à crescente oferta tecnológica ao nível da produção de conteúdos para as emissões, no plano dos equipamentos e ferramentas colocadas à disposição dos operadores, produtores e jornalistas. Hoje, um smartphone é, em simultâneo, máquina de fotografar, filmar, um gravador de som, mesa de mistura, e equipamento de edição de áudio, um criador de podcasts.
Deste modo, nos cenários atuais e futuros, a qualidade e a diferenciação dos conteúdos produzidos vão marcar e contribuir para uma identidade desejada, proporcionando assim a afirmação das estações emissoras ou dos projetos radiofónicos.
Por: Hélder Sequeira