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Nó do Torrão reconfirmado para novo hospital

Grupo de Missão entregou a Maria do Carmo protocolo para a cedência do direito de superfície do terreno

Jorge Abreu Simões desfez na última quinta-feira quaisquer dúvidas quanto à localização do futuro hospital da Guarda. Apesar da insistência de Maria do Carmo Borges em visitar alguns locais alternativos durante as três horas que durou a reunião, o presidente da Grupo de Missão para as Parcerias na Saúde revelou que o terreno junto à rotunda do Torrão foi «reconfirmado» por uma segunda reavaliação e entregou à presidente uma minuta de protocolo para a cedência dos mais de 80 mil metros quadrados necessários ao empreendimento. «O nó do Torrão continua a ser a preferência do Ministério da Saúde», garantiu o responsável, que espera chegar a acordo com autarquia e ter o documento assinado até ao final do mês para poder avançar com o processo antes do final do ano.

Este projecto de acordo entre o ministério e o município estipula o enquadramento apropriado ao projecto, nomeadamente a cedência do direito de superfície por um período substancialmente longo, «superior mesmo aos 30 anos da concessão ao privado na Guarda», esclarece Abreu Simões. O objectivo é «minimizar» o risco da intervenção garantindo o terreno «quanto mais depressa melhor», porque a fase do concurso público para a concepção e construção só pode arrancar com a área «disponibilizada e em condições de ser utilizada». A “bola” está agora no campo de Maria do Carmo Borges, sistematicamente apanhada em “fora de jogo” nesta matéria desde que Luís Filipe Pereira anunciou esta escolha de entre as seis opções indicadas pela Câmara da Guarda.

Após a reunião, ficou ainda a saber-se que o futuro hospital poderá ter entre 250 a 280 camas, uma redução comparativamente ao actual Sousa Martins mas este é um número «meramente indicativo», apressou-se a esclarecer Jorge Abreu Simões. O projecto tem ainda previsto um investimento de 75 milhões de euros, estimando-se que a parte destinada aos concursos deste tipo de empreendimento possa durar no mínimo 18 meses enquanto a construção do edifício deverá demorar entre dois a três anos, prazo que irá variar consoante a dimensão do projecto. Resta saber qual a posição da autarquia. Contudo, a primeira reacção é reveladora que os problemas poderão continuar na Guarda. Maria do Carmo Borges continua irredutível, mas parece ter desistido da Quinta da Maúnça e insiste agora na cerca do ex-sanatório. «É o melhor local para o novo hospital», defendeu a autarca, solicitando que o “dossier” volte a ser analisado com as correcções introduzidas na opção Parque da Saúde quanto à distância em relação à Avenida Rainha D. Amélia e Viceg e as condicionantes do IPPAR. Esclarecidos estes lapsos dos técnicos da autarquia, o Torrão «não pode ser uma escolha definitiva, pois há motivos técnicos para que a cerca também possa ser considerada», sublinhou Maria do Carmo, esclarecendo, no entanto, que «não será por causa da Câmara da Guarda que o hospital não será feito». Jorge Abreu Simões prometeu veicular a preocupação junto da tutela e até considerou que esta situação irá «acelerar o processo». Perante estas novidades, Ana Manso defende que a autarquia «já devia ter cedido o terreno, negociado com o proprietário ou feito expropriações, mas a maioria socialista está a pôr calhaus no processo para atrasar o novo hospital, prejudicar os guardenses e o desenvolvimento da cidade». A vereadora e líder distrital do PSD considera que esta «telenovela» nunca deveria ter começado, mas as «resistências» de Maria do Carmo proporcionaram «argumentos para capítulos de gosto duvidoso. Devemos por isso pedir responsabilidades a quem está a atrasar o processo e neste momento os empecilhos são o PS e a presidente, pois ainda querem voltar atrás e boicotar tudo». Nesse sentido, Ana Manso exige que o protocolo seja assinado o «mais rapidamente possível», avisando que prefere «esperar por uma casa nova do que continuar a fazer remendos numa casa velha», porque o melhor espaço da cerca do antigo sanatório «já foi ocupado».

Luis Martins

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