As nove pistas de esqui da Torre, na Serra da Estrela, vão abrir em pleno este fim-de-semana com neve artificial suficiente para a prática de esqui, “snowboard” e outras modalidades. Uma realidade que começou a ser gerada na madrugada da última segunda-feira com 48 canhões de neve – 46 de alta pressão e 2 de baixa pressão – a produzir neve em quantidade suficiente para cobrir os 7,5 quilómetros de pista e proporcionar a prática de desporto durante 120 a 150 dias, de Dezembro a Abril, consoante as condições climatéricas, quando anteriormente só era possível esquiar 60 dias.
Uma «grande revolução» dos desportos de neve em Portugal, considera Artur Costa Pais, para quem a estância de esqui da Torre pode «iquiparar-se a muitas da Europa em equipamentos, transporte por cabo ou sistema de gestão de “fort-faits”», realça o presidente da Turistrela, concessionária do turismo na Serra da Estrela. Com as obras de remodelação, a estância de esqui no ponto mais alto de Portugal – a dois mil metros de altitude – passou a dispor de infraestruturas modernas e meios mecânicos inovadores para satisfazer os turistas. Quatro teleskis e uma telecadeira de quatro lugares com um quilómetro de comprimento e capacidade para transportar duas mil pessoas por hora até ao cimo da Torre são alguns desses meios mecânicos. Recorde-se que até ao ano passado, a esta deslocação era feita através de um cabo mecânico que transportava os utentes em pé. Uma pista negra, quatro pistas vermelhas, duas azuis, duas verdes e uma zona para trenós estão agora ao dispor dos adeptos mais radicais ou mais clássicos com a garantia das pistas funcionarem até Abril. Um investimento global de quatro milhões de euros onde se inclui a infraestrutura física, o equipamento informático, o material novo de esqui, de “snowboard”, trenós e outros acessórios para aluguer.
Para Artur Costa Pais a nova estância de esqui da Torre vai permitir sobretudo a «fixação do turismo» na Serra da Estrela, «impulsionando todo o sector turístico» e a economia da região. Com a nova estância e a oferta de mais dias com neve, a Turistrela pretende inverter a tendência dos portugueses procurarem novos destinos de férias na neve, nomeadamente na vizinha Espanha. Esta aposta no turismo de neve poderá ainda atrair para Portugal e para a região os turistas espanhóis de localidades mais próximas da Serra, como os oriundos de Salamanca, Cáceres e Badajoz. A obra promovida pela Turistrela representa uma ambição de há muitos anos, mas só no ano passado se tornou possível após o Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) e outras entidades, como a EDP, Clube Nacional de Montanhismo, Federação Portuguesa de Esqui e Direcção Geral do Ambiente, terem dado o aval positivo aos projectos de segurança, sinalização e produção artificial de neve apresentados pela concessionária do turismo da Serra da Estrela.
Liliana Correia
