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Nevão de Outono cobriu o interior

Escolas encerraram nos concelhos da Guarda e Covilhã, trânsito esteve condicionado em vários pontos da região e os acessos à Torre foram cortados

A neve voltou a fazer das suas na Beira Interior. Chegou de mansinho, na manhã de segunda-feira, mas rapidamente se apoderou da paisagem. À sua boleia, chegou a história que se repete todos os anos: rebuliço no trânsito, estradas cortadas e aulas suspensas.

Na Guarda, o coordenador do serviço municipal da Protecção Civil reconhece que «os meios e equipamentos actuais não são suficientes». Apesar de não se terem registado incidentes graves, Eduardo Matas reafirmou a O INTERIOR a necessidade de um Centro de Limpeza de Neve na cidade. A criação desta unidade está prevista para o próximo ano, mas a sua falta já começou a sentir-se. Os guardenses há muito que se habituaram aos dias mais frios, mas a cidade continua a “parar” sempre que a neve cai com intensidade. Desta vez, algumas ruas da Guarda estiveram intransitáveis, três autocarros de transporte de estudantes ficaram parados na VICEG, um troço da Estrada Nacional 18 (Guarda/Covilhã), entre o Alto de Santa Cruz e o cruzamento da Benespera, esteve interdito e a circulação manteve-se condicionada nas auto-estradas A23 e A25. Todas os acessos ao maciço central da Serra da Estrela também acabaram por ser cortados.

Em muitas escolas da região, a neve pôs fim às aulas da tarde de segunda-feira. Foi o caso dos concelhos da Guarda, Covilhã e Trancoso. À noite, os covilhanenses já sabiam que no dia seguinte as escolas iriam permanecer encerradas, enquanto na Guarda pais e alunos tiveram que esperar que o mesmo fosse decidido na manhã de terça-feira. De acordo com Eduardo Matas, no que diz respeito à cidade mais alta, «estas decisões foram tomadas na altura certa, porque só durante a noite foi possível conhecer o evoluir da situação». Apesar do Instituto de Meteorologia ter previsto a continuação do cenário de neve até ontem, o manto branco acabou por se ir desfazendo na terça-feira. No mesmo dia, todas as estradas, à excepção dos acessos à Serra da Estrela, ficaram transitáveis. Na região da Guarda, Eduardo Matas referiu que não se registaram «feridos nem mortes» pelo que a operação efectuada ao longo deste primeiro nevão foi considerada «positivo». Ainda assim, não deixou de reconhecer que há lacunas a colmatar para diminuir o impacto dos dias de neve na vida dos guardenses. «Deve-se melhorar a questão do equipamento e deverá haver maior articulação entre os serviços da autarquia», sublinhou.

Centro de Limpeza de Neve ainda neste Inverno na Guarda

Garantia é de Santinho Pacheco, que reuniu na terça-feira com o ministro da Administração Interna

O Governador Civil da Guarda garante que, «ainda durante este Inverno», a cidade vai ter uma Unidade de Limpeza de Neve, cujo processo está em fase de conclusão.

«Será um centro moderno e eficaz, constituído por uma viatura limpa-neves pesada, um veículo ligeiro para actuar no centro da cidade e também uma pá carregadora para o sal», referiu Santinho Pacheco. A candidatura para a aquisição do equipamento já está elaborada e o próprio reuniu em Lisboa, na terça-feira, com o ministro da Administração Interna e o secretário de Estado da Protecção Civil para analisar o assunto. “Espero que se possam limar as arestas do ponto de vista burocrático» neste processo, admitiu o Governador, adiantando que a componente financeira comunitária e nacional está «mais do que prevista e assegurada». Como foi anunciado no início deste ano passado, a aquisição dos meios ronda os 300 mil euros, dos quais mais de 200 mil serão assegurados por fundos comunitários e o restante pelo Governo Civil, Câmara da Guarda e Unidade Local de Saúde. «Queremos que a Guarda faça jus ao seu epíteto de cidade da neve, não como um constrangimento, mas como um produto de atracção», voltou a afirmar.

Neve corta acesso à estância de esqui na Torre

Ligações ao maciço central estiveram cortadas na segunda e terça-feira, dia em que continuava a nevar com intensidade

A neve que caiu por estes dias é uma benção para a estância de esqui da Torre, o senão é que também é a causa do fecho das estradas de acesso ao ponto mais alto da Serra da Estrela. Por isso, ainda não é possível esquiar.

A situação repete-se todos os anos e não agrada aos responsáveis da Turistrela, a concessionária das actividades turísticas na montanha. A única estância de esqui em Portugal possui nove pistas e um “snowpark” e está «tudo pronto para abrir ao público», garante o responsável pela unidade. «O grande problema é a única estrada nacional [EN 339] que dá acesso às pistas continuar a ter muita neve e os técnicos do Centro de Limpeza não conseguirem mantê-la transitável», lamenta Arménio Matias. De resto, ao final da tarde de terça-feira continuava a nevar com grande intensidade no maciço central, pelo que ainda não se podia falar numa data para a entrada em funcionamento da estância.

«Com estas condições, ninguém nos dá uma previsão para a abertura das estradas. Talvez já seja possível circular a partir de quinta-feira», arrisca. As ligações ao maciço central estiveram cortadas durante quase todo o dia. Só ao meio da tarde reabriram as vias entre Manteigas/Gouveia (EN 232), Covilhã/Piornos (EN 339) e Seia/Sabugueiro (EN 339). Já o principal acesso à Torre, pela EN 339, continuou fechado à circulação rodoviária desde os Piornos, onde está o Centro de Limpeza de Neve da Estradas de Portugal.

Guarda acordou coberta de branco

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