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NERGA fica com três por cento da PLIE

Pedro Tavares considera que aumentos da energia são «mais um obstáculo» para os empresários do interior

O NERGA vai passar a deter cerca de três por cento do capital social da Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial (PLIE), que é agora de 1,4 milhões de euros. A decisão foi ratificada na Assembleia-Geral extraordinária de segunda-feira e resulta do aumento da participação da Associação Empresarial da Região da Guarda na sociedade até 50.500 euros.

«Ficámos com uma posição mais confortável», sublinhou Pedro Tavares, aludindo ao facto do NERGA ser até agora detentor de apenas um por cento do capital social. De resto, o novo presidente dos empresários do distrito foi empossado logo a seguir à reunião. Aos jornalistas, o administrador da Sociedade Têxtil Manuel Rodrigues Tavares manifestou alguma preocupação pelo aumento da factura do gás natural, dos combustíveis e da electricidade, considerando tratar-se de «mais um obstáculo» para os industriais do interior. «Há empresas de capital intensivo, onde os custos energéticos são fundamentais, que têm mais vantagens em Espanha do que em Portugal, porque o país vizinho tem o gás natural e os combustíveis mais baratos», afirmou. Nesse sentido, Pedro Tavares admite que «a única coisa que faria sentido era baixar os impostos sobre a energia».

O novel presidente do NERGA voltou a reiterar que vai apostar na formação, «o grande défice do interior», considerou. Na sua opinião, «a grande diferença com o litoral não é geográfica, mas sim de formação das pessoas», acrescentou, dizendo apostar forte no Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN) para formar «mais e melhor» os empresários e os habitantes do distrito. Mas esta não é a única preocupação do dirigente. Aquando da sua eleição, Pedro Tavares disse que era «premente» concluir a área industrial adjacente à PLIE. «O actual parque industrial, além de ser pequeno, está obsoleto e em mau estado. É urgente começar a vender lotes na área empresarial e também na PLIE», afirmou, recordando que o único espaço industrial da cidade está a ser alvo de um projecto de requalificação que também envolve a autarquia.

Em termos económicos, o empresário contestou o “interior” que vai beneficiar da redução de IRC: «A medida dos 10 por cento é boa, mas o mapa deveria ser remodelado. O definido é demasiado extenso para que o distrito da Guarda tenha uma efectiva mais-valia em relação ao distrito de Aveiro, grande parte do qual é considerado interior, ou mesmo Viseu e Leiria», criticou. Integram a nova direcção José Madeira Grilo e Jorge Leão (vice-presidentes), enquanto Teixeira Diniz, presidente cessante, assume a presidência da Assembleia-Geral.

AIP parca em justificações sobre congresso cancelado

O vice-presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP) atribuiu a «questões de logística e organizacionais de última hora, além de acontecimentos que ocorreram na Guarda na mesma altura» o cancelamento do IV Congresso das Actividades Empresariais das Regiões, que devia ter ocorrido na cidade no último fim-de-semana de Novembro.

Parco em explicações, Manuel Gamito falou em «várias coisas que não correram bem, a tal ponto que houve mudanças de pessoas na organização do Congresso», que vai realizar-se em Lisboa no dia 28. Também a alegada indisponibilidade do Presidente da República – que esteve na cidade nessa altura – em participar no congresso veio à baila, tendo o dirigente confirmado que a agenda de Cavaco Silva estava «extremamente preenchida». Curiosamente, uma possível justificação para o cancelamento da iniciativa saiu da boca de Pedro Tavares: «Na Guarda é complicado fazer um congresso com 600 pessoas. Isso representa 600 camas individuais, mas se já não era fácil arranjá-las pior ficámos quando a comitiva do Presidente da República ocupou mais de uma dezena delas nos hotéis da cidade», referiu.

De resto, o presidente do NERGA preferiu esquecer o caso e destacar a participação de Joaquim Valente como orador em Lisboa. «É muito mais importante ter o presidente da Câmara a apresentar as potencialidades da Guarda e da PLIE num congresso de empresários do que o seu cancelamento», considerou. Mas, aparentemente, a cidade vai ser compensada, pois a AIP tenciona organizar por cá uma convenção transfronteiriça com as confederações e associações empresariais espanholas. Deverá acontecer «entre 15 de Abril e 15 de Junho», anunciou Manuel Gamito.

Luis Martins

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