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Nem Odete Santos valeu ao Galo do Entrudo

Milhares de pessoas assistiram ao espectáculo na Praça Velha

Cumpriu-se a tradição, segunda-feira à noite. O Galo do Entrudo foi julgado em plena praça pública – na Praça Velha – e, sem surpresa, arcou com as culpas de todas as desgraças que se sucederam no último ano na Guarda, no país e no mundo. Na hora do último pedido, o Galo surpreendeu na demanda, mas o juiz concretizou-lhe o desejo: Odete Santos falou à Guarda e declamou a “Balada da Neve”.

Do alto da janela dos antigos Paços do Concelho, a ex-deputada à Assembleia da República dirigiu-se particularmente aos que acusavam o Galo. Afinal, seria aquela ave responsável «pela crise», «pelo fosso que há entre ricos e pobres», «pelas injustiças sociais» e por tantos outros males? Estas acusações pareceram infundadas à ilustre guardense que, apesar de encontrar alguns defeitos no réu, mais via ali um «bode expiatório», enquanto que outros – outros presumíveis responsáveis pelo infortúnio egitaniense – continuavam «a cantar de galo».

Nesta ópera bufa, ouviu-se a acusação com críticas aos “vizinhos” da Covilhã, aos que abandonam a cidade e só por isso são elogiados pelos que ficam, aos que não falam nem contestam por terem favores para pedir, às casas que há umas décadas foram surgindo pelo concelho e ao hospital, que tarda. A defesa, por seu lado, preferiu também ela perguntar à plateia se não haveria mais quem acusar se não o Galo: «Quem aqui é corrupto, quem será?», «quem se esqueceu de apontar o futuro à Guarda?». Mas de nada valeram o esforço e a argumentação, porque o galo acabou condenado. Sorte para aqueles que vierem a trazer empregos à cidade, para as «duas deputadas caladas» e para os políticos da Guarda, todos eles testamentários. Para o vencedor das próximas autárquicas ficarão guardados a crista, o coração e os badalos.

A festa terminou com canja, laser, pirotecnia e animação de rua, à semelhança do que havia acontecido até ao início do julgamento. À Associação Cultural Copituna d’Oppidana, Associação Cultural e Desportiva do Jarmelo, Associação Desportiva, Recreativa e Cultural da Rapoula, Centro Cultural da Guarda, Grupo “Os Beirões” de Maçaínhas, Grupo de Cantares “Ontem, Hoje e Amanhã” de Maçaínhas, Associação Cultural e Recreativa da Sequeira, Grupo de Cantares “A Mensagem”, Raiz de trinta – Associação Juvenil e alguns alunos do curso de Animação Sociocultural do Instituto Politécnico da Gaurda juntaram-se outros grupos convidados, ao longo das ruas entre o Jardim José de Lemos e a Praça Velha, perante milhares de pessoas que afluíram, também, à Praça Velha, que encheu.

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