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Negócio do Hotel Turismo está «difícil»

Álvaro Amaro admitiu que grupo Visabeira e Turismo de Portugal têm «divergência séria» sobre a renda mensal que a empresa terá que pagar até exercer a opção de compra do hotel

O destino do Hotel Turismo deverá ter ficado traçado anteontem, após o fecho desta edição, numa reunião que devia juntar a Câmara da Guarda, o Turismo de Portugal e o grupo Visabeira, o candidato selecionado para negociar com o Estado a reabertura da unidade.

O encontro foi anunciado por Álvaro Amaro na Assembleia Municipal da passada sexta-feira, onde disse que «está difícil» o acordo entre o atual proprietário do imóvel e a empresa. «Ou se conclui a negociação e o hotel é arrendado com opção de compra à Visabeira. Ou o hotel continua na posse do Turismo de Portugal, que lhe dará o destino que entender. Ou então terá que haver uma terceira hasta pública», declarou o presidente da Câmara. Aos jornalistas, o edil adiantou que o diferendo entre as partes prende-se com a renda mensal que o grupo empresarial fica obrigado a pagar até exercer a opção de compra do hotel. Já em resposta a vários deputados, o autarca acrescentou que «ainda há na Guarda quem ache que o Governo deve fazer um hotel-escola na Guarda», mas recordou que o projeto implica um investimento da ordem dos 7 milhões de euros para ocupar metade do terreno atual.

Perante o impasse no negócio, o socialista João Pedro Borges subiu à tribuna para constatar que tinha sido Álvaro Amaro quem «optou pela venda porque nunca exigiu ao anterior Governo que cumprisse aquilo a que se tinha comprometido, que era fazer um hotel-escola». «Agora já coloca essa possibilidade. Conte com o PS para ajudar a resolver o problema e para o auxiliar no que for necessário para devolver o hotel à Guarda», afirmou o deputado. Na resposta, o presidente da Câmara insistiu que «é surreal alguém pensar que o Governo está em condições de fazer um hotel-escola» na cidade mais alta, mas agradeceu o apoio dos socialistas. «Se conseguirem convencer o Governo a gastar 7 milhões de euros nesta unidade, ou de outra coisa, caso não haja acordo com a empresa, e que o mercado responda, então chapeau!», exclamou o autarca, sublinhando que, tal como o PS, «o que queremos é o hotel devolvido à cidade».

Nesta sessão, Carlos Canhoto (CDU) criticou as opções do executivo, nomeadamente o «corrupio de festas», e quis saber quanto ganhou a empresa privada que organizou o evento “Guarda, A Cidade Natal”. Álvaro Amaro remeteu a resposta para a empresa, não sem antes acrescentar que «uns chamam-lhes festas, nós chamamos-lhe economia». Ainda no período de antes da ordem do dia, a Assembleia Municipal (AM) aprovou, por maioria, uma proposta do socialista Matias Coelho que sugere ao Governo a «criação urgente» de uma secção de Família e Menores no tribunal local. «As crianças e as famílias do distrito da Guarda não podem, nem devem, ser discriminadas em relação às do resto do país», lê-se no documento, em que é também defendida a reabertura dos tribunais encerrados na Mêda e Fornos de Algodres com a reforma judicial aplicada pelo anterior Governo.

A proposta vai ser enviada à ministra da Justiça, aos grupos parlamentares e aos deputados na Assembleia da República eleitos pelo círculo eleitoral da Guarda. Por sua vez, João Pedro Borges propôs um minuto de silêncio em homenagem a António Almeida Santos, antigo presidente da AM entre 1977 e 1985, falecido a 18 de janeiro. Os deputados cumpriram. O socialista sugeriu ainda à Câmara a possibilidade de dar o seu nome a uma rua da cidade, repto que o presidente aceitou. A AM de sexta-feira ficou ainda marcada por uma recomendação do Bloco de Esquerda para a implementação de uma campanha municipal de esterilização de animais de rua, enquanto o socialista Quelhas Gaspar recomentou à Câmara que «desenvolva os necessários procedimentos» com vista à classificação do Hotel Turismo como Património de Interesse Municipal. No entanto, um processo similar prescreveu durante o mandato de Joaquim Valente porque o município nunca o concluiu junto das entidades competentes.

Da ordem do dia destaque para a aprovação, com 54 votos a favor, oito abstenções e nenhum contra, da proposta para contração de um empréstimo a médio/longo prazo de 19 milhões de euros para a liquidação antecipada de outros empréstimos, no valor de 19 milhões de euros.

AM tomou conhecimento do concurso para terreno do antigo matadouro

Os deputados tomaram ainda conhecimento das condições do concurso público para a constituição do direito de superfície destinado à reabilitação, ampliação, exploração e gestão do antigo matadouro municipal.

«Há muito tempo que decorrem negociações com alguém que está interessado em instalar ali zonas comerciais e serviços. Mas vamos colocar terreno no mercado para o entregar a quem mais e melhor oferecer por ele», explicou Álvaro Amaro, justificando que «é importante que a AM se pronuncie sobre uma opção de desenvolvimento económico da cidade e uma grande reforma daquela zona». Nesse sentido, Marco Loureiro (BE) disse não discordar deste negócio mas sugeriu que o município devia aproveitar espaço para sediar associações e entidades, como o Centro Distrital de Operações e Socorro (CDOS). O mesmo sustentou Carlos Canhoto (CDU), para quem «há muito que se pode fazer» naquele espaço. Contudo, o deputado perguntou «quantos postos de trabalho vão ser criados por uma renda assumidamente baixa?».

Sem nada a opor ao concurso, João Pedro Borges (PS) considerou no entanto que o caderno de encargos «não salvaguarda alguns princípios» e exemplificou: «Se alguém quiser construir ali um centro comercial e alugar as lojas estará a ser um especulador imobiliário e não a criar postos de trabalho», afirmou, enquanto António Terras (PSD) veio recordar que no Bairro da Luz «sempre se falou que aquele espaço seria ocupado por um centro escolar».

Luis Martins Tema do Turismo voltou a marcar Assembleia Municipal da Guarda na passada sexta-feira

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