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Natal de 2014 e Ano Novo de 2015

Bilhete Postal

Um Natal lúcido para perceber que a realidade construída por outros nem sempre são as verdades e os factos que devíamos observar. Uma festa farta para compensar as dietas e os reparos que nos obrigamos nos ganhos em saúde. Um dia de prendas desejadas, de sonhos materializados. Crianças sorrindo, crianças rasgando embrulhos. Ano após ano, seguir-se o Dezembro e estarmos todos sãos. Um Dezembro com um final feliz, com muito dinheiro para o fisco, com estabilidade de emprego e contratos firmes. O ano de 2015 é aquele em que tudo acabou: o BES, o Socratismo, o Menezes, os submarinos, o Alberto João e esperam-se episódios importantes nas eleições, na exigência sobre o Ministério Público e as polícias para que de uma vez saibamos o que se passou com os dinheiros públicos. Quem adjudicou o quê a quem e quem delapidou o dinheiro público. Como na morte, o sossego eterno de uns não acalma a dor dos outros e não apaga o futuro dos vivos. Assim, a suspeita sobre alguém não alegra, mas conclusões credíveis, reflectidas decisões, essas serenam. Buscamos um aconchego para o sofrimento e a provação de muitos. Procuramos perceber se valeu a pena o desassossego, se os erros não vão surgir de novo, se as desafinações não invadem a orquestra. O tempo da atarraxa tem agora um luto que exige transparência e solidez. A frugalidade de quase todos, quer perceber se a luxúria de poucos é levada ao colo pela maioria. Deste modo um ano de 2015 cheio de contundentes desassombros, carregado de mitos decadentes, de certezas postas em causa, pode ser caminho novo.

Por: Diogo Cabrita

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