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Bilhete Postal

Se vamos a um restaurante esperamos comida, esperamos higiene, esperamos simpatia. Os inspectores, pelo contrário, procuram cumprimento de alíneas da lei. A lei versa-se em parágrafos que identificam práticas obrigatórias e exigem regras que tornam o jogo igual para todos. Mas se eu souber que o jogo ali está viciado e regresso não posso preferir assim? Se vou a uma tenda de feira comer umas sardinhas de pé não posso ter o chão de areia? As regras e as normas têm esta cegueira – não. Só pode ser segundo o estipulado e aquilo que faço em casa não tem nada que ver com o que se exige para as instituições. Mas a lei não estipula o sorriso, não fala da generosidade, do requinte, da estética. Se ornamento o prato é gratuito, se ofereço um pau de canela é um carinho. Se vou ao restaurante e me dão sardinhas sem salada, se demoram a trazer a água, a entregar o azeite, se discutem constantemente os empregados entre si, se vociferam com a cozinha, se não nos procuram nada e chamamos sempre, se não há uma simpatia com as crianças, então nada disto é ilegal mas nada disto me faz regressar.

Por: Diogo Cabrita

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