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Não vale tudo

Quando resolvi dar um pouco mais de mim ao Partido Socialista fi-lo com a clara vontade de ajudar a fazer uma política diferente, uma política que não continuasse a afastar tudo e todos, uma política que, independentemente das cores partidárias, fosse séria e credível, uma política de verdade e em que os interesses da população estivessem sempre acima de qualquer interesse pessoal.

A política sempre fez parte da minha vida, primeiro através do meu pai, mais tarde com a minha mãe e, mais recentemente, com o meu irmão e com a minha esposa. Felizmente em casa sempre se discutiu política e não pensem que não são discussões acesas. A política fazer parte da vida de alguém não faz mal nenhum, permite-nos pensar, estruturar as nossas ideias e, sobretudo, perceber como as podemos por em prática.

O facto de ter vivido sempre perto da politica não fez com que perdesse os valores de referência que me foram sendo passados ao longo do tempo, como a verdade, a honestidade ou o respeito pelos adversários políticos. Também nunca me fez pensar que a minha atividade profissional fosse de alguma forma facilitada.

São, pois, estes valores, exemplos e referências que me ensinaram e, contrariamente àquilo em que muitos acreditam, na política não vale tudo. Não vale ter duas caras. Não vale ter duas cores. Não vale colocar os interesses pessoais acima dos interesses de todos e não vale hoje dizer não e amanhã dizer sim. Se ainda existe gente nos partidos políticos defensora do vale tudo? Sim, existe. Cabe-nos a nós continuar a lutar para que essas pessoas entendam que o mundo mudou, que a sociedade mudou, que as pessoas já não votam só nos partidos mas sim, e cada vez mais, nas pessoas e nas ideias por cada um defendidas.

A credibilização da política faz-se também de atos e não apenas de palavras. Ao não aceitar fazer parte da lista de candidatos a deputados pelo Partido Socialista na Guarda à Assembleia da Republica, devido à forma como o processo foi conduzido, julgo ter contribuído para que as pessoas acreditem mais na política e nos políticos mostrando, mais uma vez, que na política não vale tudo.

Vou continuar a lutar por aquilo em que acredito. Vou continuar a lutar para que voltemos a ter um governo socialista, um governo que se preocupe com as pessoas, que defenda o interior do país e estanque a saída desenfreada dos nossos jovens. Um governo que se preocupe com as causas sociais e que defenda o sistema nacional de saúde. Um governo que privilegie o investimento ao invés da austeridade e que, consequentemente, crie novos postos de trabalho, um governo que renove a confiança dos portugueses.

Por: João Pedro Borges

* Presidente da concelhia da Guarda do PS

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