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Não sejam “marretas” nem “empatas”

Li neste jornal, com muita satisfação, a notícia sobre a construção de um centro comercial na Guarda, na qual vinha também a foto da maquete do respectivo projecto. Resolvi então dar um salto à Câmara para ver a dita e ter uma ideia mais precisa do que se ia construir. Dirigi-me ao balcão da recepção, (…) mas fui informado de que a maquete está em estudo e ainda não pode ser vista pelo público.

Saí da Câmara encantado por duas razões: a primeira porque estava em estudo e a ponderar. Porque até a construção da maquete é uma coisa rara. A segunda porque fui optimamente atendido e rápido, porque, desde a pergunta à resposta, não deve ter demorado mais de um minuto. E assim é que é!

Contudo, se me perguntassem o que mais faz falta na Guarda, se um Hospital ou um centro comercial, eu respondia muito sinceramente que era o primeiro, totalmente equipado, com pessoal técnico de todas as especialidades e ainda mais com a maternidade.

(…) A Guarda não é uma cidade qualquer. É um colosso de granito, que deve ser respeitado e acarinhado, mas que vai despertando a pouco e pouco. (…) Temos cá espaço para construir uma cidade hospitalar e hospitaleira e até podemos pôr nos telhados pistas de aterragem de helicópteros sem qualquer obstáculo.

(…) Mas foi com tristeza que li neste jornal, do dia 23, que na Assembleia Municipal já andam à “marretada” uns com os outros por causa do centro comercial. Não sejam “empatas”. Se existe algum dinheiro, ou a possibilidade de o ter, que se faça o centro comercial! O local é esplêndido, desde que não fique enterrado, como o TMG, ou o seus acessos sejam em labirinto e com rampas. O complexo pode ter alguns reparos, mas isso não é motivo para atrasos ou originar desavenças.

A cidade, sendo um colosso, tem os seus limites de potencialidades, por isso nada de utopias, nem fantasias ou exageros. Que tudo seja prático, operacional, feito com cabeça, tronco e membros, para além de ter os pés bem assentes no chão.

Espero ver na maquete espaço para serviços em pleno dos CTT, farmácia com farmacêuticos, ar puro e muita luza natural (…). Corredores amplos, com uma vigilância constante na higiene do espaço. Mas também bom gosto em tudo o que esteja exposto. Nada de usar estrangeirismos, como “chopingues” e “gardenes”. Escarrapachar um nome bem português e depois pôr as traduções que quiserem.

Quando a maqueta vier para o povo, que fique exposta no local onde vai ser construída e acompanhada por alguém que, de varinha na mão, dê todas as explicações desejadas, assim como plantas de localização de áreas de trabalho e de lazer. (…).

António do Nascimento, Guarda

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